Na moralidade: a dualidade bem-mal, bom-mau, certo-errado;
Na autoridade: uns são escolhidos;
No campo do medo e agressividade: somos uma espécie ruim;
Na estratificação: uns são superiores;
Na concepção: a vida é uma luta!
Nada disso é verdade!
Na moralidade: a dualidade bem-mal, bom-mau, certo-errado;
Na autoridade: uns são escolhidos;
No campo do medo e agressividade: somos uma espécie ruim;
Na estratificação: uns são superiores;
Na concepção: a vida é uma luta!
Nada disso é verdade!
Relativizar-me
Desmoronar-me
Desentronizar-me
Desmentir-me
Desmascarar-me
Reconhecer-me
Harmonizar-me
Descortinar-me
Perder-me
Abrir-me
Dezarrazoar-me
Arriscar-me confiante
Saber dar nome aos demônios e aos deuses
Desmonte o falso realismo
Integrar-me
Sentir-me
Cuidar-me
Amparar-me
Romper a dicotomia preto-branco; bom-mau
Sujeito - agir - apareça
Ação - apresentar-se
Olhar para si mesma e conjugar as aprendizagens.
Com certeza
A mulher nativa
Filha da Terra
Virgem
Com certeza
O invasor
O macho, bárbaro, possessivo
Sou filha do amor e da dor.
Não há Deus que nos salve disso
Não há Evangelho que nos sustente.
Acorda!
Nós estamos numa sinuca de bico.
Adoecemos o mundo, que agora nos adoece.
Não conseguiremos des-adoecer o mundo estando no mundo adoecido.
O mundo adoecido precisa de seres sadios.
Os seres sadios des-adoecerão o mundo.
Mas o mundo está adoecido!
Como conseguiremos manter os sadios, sadios?
Não é medicar o doente,
É terminar com o mundo adoecido.
É natural e oscilante - não existe total estabilidade na natureza.
Sonhei conosco essa semana.
Apresento aqui neste post alguns dos delírios saudáveis de Mário Baldani, um dos precursores e criadores da Biocibernética Bucal nos anos 70. Encontrei essas anotações, feitas em um curso do qual participei nos dias 25 e 26 de agosto de 1990, por acaso. Elas estavam perdidas dentro de um caderno da formação de meu outro professor, o chileno Eleodoro Ortiz e só agora apareceram. Vou colocar tal qual encontrei no caderno, sem muito refinar, editar ou elaborar. Tudo o que aqui registro derivam das palavras de Mário Baldani. Só um deguste, para que fique aqui no tempo. Abre aspas!
Analfabeto é aquele que não tem consciência da realidade que vive e não aquele que não sabe escrever.
A criança nasce inocente e com cinco órgãos de sentidos ligados aos seus órgãos internos (organizados em si). Daí deriva a formação do sexto sentido, que é a percepção. Seis é sex, o sexo, ou seja - o seis ligado ao absoluto. A SEXUALIDADE é o sexo na idade.
Até dois anos a energia é totalmente bucal. A amamentação ocorre até ficar de pé. Depois que fica de pé ela se apoia no planeta e fica geocêntrica. Antes disso ela é antropocêntrica. De 4 até 6 anos a energia chega no sexo. O ano mais dramático é o 6º, quando chega o primeiro molar permanente. Outro ano dramático é o 19, quando chega o terceiro molar. E depois aos 42 anos. (21 + 21)
Se tudo vai funcionando certo, ok. No o sexto ano tudo fica introjetado. (aqui tem a analogia seis e sex)
PARADOXO = para viver o mundo de hoje, que está totalmente artificial, a boca não pode estar certinha. Se a boca está "fodida" a pessoa está melhor.
O furo n´água - só enquanto tem dedo é que tem furo.
Aprender a montar o processo no mecanismo de morte, que é = tudo pode! Menos uma coisa: matar! (morte, para Mário, era o maior tempo-espaço)
Quem sabe o que pode é o pai e a mãe. - E aí, não pode nada! Aí o próprio pai e a própria mãe matam o filho.
NORMA DO SISTEMA = a norma passa a ser normal.
Hoje em dia não se pode afirmar nada em biologia. Tem que ver a coerência e o que é coerente para um, não é para outro.
A criança indígena e a criança da mamadeira e da creche - a segunda está sendo programada para a tecnologia e a ciência.
Certo é o que funciona, então, rever o que não está funcionando e fazê-lo funcionar sem estabelecer padrões.
A ciência não é má. Nós que fazemos um uso inadequado dela.
O homem cria problemas para achar soluções.
Sempre achamos bodes expiatórios para feitos nossos.
Não podemos levar o homem para o espaço do jeito que ele é, terráqueo.
Que bom que você está perdendo um dente. Sinal de que está fazendo experiências.
A experiência da encarnação é um grande choque, uma zona fóbica.
A experiência da grande massa preta energética, de alto potencial, que me dá choque e que eu ainda não consegui tocar. (tenho que atravessar essa zona fóbica, que é meu próprio medo).
- minha experiência uterina - meu parto - minha encarnação.
A experiência do grande uno que teve que começar a dividir, multiplicar, diferenciar, especializar e não tinha nenhum apoio.
Paleolítico - tempo uterino, formando inocência.
Neolítico - quando nasce, inocente.
A pedra lascada é onde começa a ciência. Daí vem a pedra polida e se constrói o templo, a prisão. Daí perde o templo, vem os podres, os valores externos e a criança vai para a prisão.
Período tribal; Período de grupos diferentes; Conceito de família; Democracia de massas; Democracia individual.
Para o indígena a pedra não tem valor de pedra preciosa. Há diferenças de valores nas culturas distintas.
Dos dois aos seis anos a criança é tribal. Não tem noção de espaço, de tempo, divisas, valores. Não tem referencial, não tem razão organizada. Não tem país, não tem divisa, forma um povo só.
Quando ela vai para a escola ela começa a aprender os limites (isso pode, isso não pode). Aí ela percebe onde a colocaram - a família, a loucura! Aí ela quer sair fora e se rebela.
Educar ou ensinar?
Dizer para o filho ser coerente como o pai? Que coerência? Cada um tem seu processo, sua história.
A criança briga com a família e vai para a democracia de massas - deixa crescer o cabelo, vira hippie, coloca a música alta, adquire ídolos, pega piolho, etc. Arrebenta as estruturas e não coloca outra no lugar. Aí vai para a Universidade. O difícil é entrar na democracia individual. É fácil ficar na democracia de massa.
A história se repete porque é introjetada no automático.
Vão introjetando conceitos na criança, acabando sua inocência. Vai criando a prisão, a culpa. Quando adulta ela estará totalmente introjetada.
Caímos na gaiola de ouro por amor. Estamos aprisionados. Nunca defenda a gaiola de ouro por ela ser de ouro. Somos subconscientes automatizados.
A terapia é uma forma de tratar a grande dor que o homem criou no universo. Na evolução, na medida que o homem ia mexendo no planeta, explorando, ele foi causando sua própria doença (corporal e espiritual).
Eu sou a ideia que injetaram em mim. Não existe pai e mãe - só guardiões dos espíritos livres (filhos de Deus). Ninguém é filho de ninguém.
A razão é referencial (a razão científica). A consciência é uma percepção maior. Há o médico que não está preocupado com a vida e sim com a razão científica.
A mística do engodo é a maquiagem dos símbolos, que é o engodo da ciência. (transferiram o poder do padre para o cientista)
Nós somos a forma como nós pensamos. As tensões se liberam na forma de pensar.
O Eu ainda continua na nossa cabeça, na forma de pensar - ele ainda acredita na gaiola de ouro.
Existe um grande engodo na liberação do sexo, pois a liberação é no pensar. O vício é o dogma. Libera a cabeça e não mais existirão vícios, prisões. Quanto mais recalca o subconsciente, mais exacerba o sexo.
Nós somos descrentes de nós mesmos, não acreditamos no nosso potencial e por isso o castramos e preferimos não vivê-lo.
O PENSO é curativo (penso da mente = pensamento) - somos castrados, temos o nosso pensamento castrado.
A hora que abaixarem os dogmas, os conflitos atenuam. Mudaria a forma de pensamento da sociedade. Os dogmas que geram culpa são os de maior choque.
Nunca uma patologia foi eliminada - tá tudo sob controle por que é cultural. Para eliminá-la teria que eliminar a cultura.
(mastigar bem para fazer boa digestão)
As progressões:
1. Neuronal - progressão binária - 2 - 4 - 8 - 16 - 32 - 64 - 128 - 256 - altamente sensível no corpo, uma estrutura de memória.
2. Mielina espiralada - progressão logarítmica - 1 - 2 - 3 - 5 - 8 - 13 - 21 - 34 - 55 - 89 - 144 - 233 - 377
3. Cortical - progressão linear - 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9 - 10 - 11 - ... - 33 - dá o enquadramento das coisas, o referencial - isso é bom, isso é ruim; isso pode, isso não pode.
Tudo tem um parâmetro, tudo tem um término.
As progressões são Neuronal, ligada às sensações; Mielina, ligada às emoções; Córtex, ligado à razão.
O tempo eu que determino = tempo que eu crio na quantidade que eu quero, de acordo com as minhas necessidades.
VIDA = o que eu quero manifestar - a ida da visão.
AMOR - a maior sabedoria
Mas eu realizo aquilo que foi introjetado, até que eu quebre essas ordens.
A preocupação da família é introjetar o mais rápido possível (VOCÊ "TEM QUE" FAZER ISSO).
INTROJEÇÃO DE SISTEMAS (diferente de) eu faço aquilo que não me deixa apreensiva
Progressão do tempo - sistema de base - uma base para fazer uma expressão
O homem está no sistema de base 16 - 16 articulações - e tudo se junta no 33 (aqui entendo que Mário foca nos dentes - 32 + 1 = 33. Nossa base são os quatro grupos de 8 dentes, as 16 articulações. 16 no superior e 16 no inferior, estabelecendo aqui a base binária. Imagino isso agora, pois não temos 16 articulações. As grandes articulações são 13)
O máximo da razão humana se dá no número da besta - não precisa ir além dessas progressões
256 + 377 + 33 = 666
A função do tempo é a consciência e está ligado na têmpora.
No corpo humano é tudo por potência.
A matemática reforça a religião.
2º=1; 2¹=2; 2²=4; 2³=8; 2⁴=16; 2⁵= 32; 2⁶= 64; 2⁷= 128; 2⁸=256
E se você usar a base, você não escapa, pois tudo é introjetado.
A espécie emergiu em base 2 e precisou de milênios para chegar na base 10.
O que gera as patologias é a defasagem do tempo.
Decimal é acelerado, rápido. O binário é mais lento.
2 elevado a zero é 1 (2º=1); 2 elevado a um é 2 (2¹=2); 2 elevado a 2 é 4 (2²=4); 2 elevado a 3 é 8 (2³=8) ...
10 elevado a zero é 1 (10º=1); 10 elevado a 1 é 10 (10¹=10); 10 elevado a 2 é 100 (10²=100); dez elevado à 3 é 1000 (10³=1000)
São progressões muito distintas e com velocidades diferentes de progressão.
No binário só existe o zero e o um. (0 - 1)
O binário não divide, não cria patologias. (se eu estou numa função eu vou nela até o fim)
Não pode misturar as coisas - separar o joio do trigo - desembolar o cotidiano.
Definir - sim e não
Se tem interesse - se tem um grau de importância - se tem um sentido - se tem significado - se não tem interferência - se tem atrito, se é de minha vontade - se é ético - se faço dentro do tempo certo (moral) - se é estético. E o mais importante de tudo - que retorno eu tenho.
Nunca devemos pedir nada a ninguém, muito menos a Deus. Nós somos efetuadores daquilo que vem da fonte. Deus paga, ele não é devedor - nós é que somos, por que não fazemos.
O aprendizado junto - fazer junto - colocar a mão na massa por que 60% da memória pertence ao tato. Mostrar pronto não ensina nada. Em tudo nós temos que participar. Não proibir, nem castrar a mão - por a mão na massa - usar o tato. O tato ocupa 60% das memórias do cérebro - os outros 40% são divididos entre outros.
O verbo é a dinâmica que permite a vida se manifestar.
Forma - função
DAR - DOAR
Dar é a forma sem função
Doar permite a função, fazer funcionar e não ficar ocioso.
DOAR tem que ter sabedoria (A), senão fica DOR.
Emprestar não é doar.
A pessoa não pode ficar ociosa, senão ela apodrece.
Quanto mais funcionar a forma, mais viva ela fica. Se não ela degenera.
A mãe se doa se ela faz o filho funcionar (doação é participação, fazendo junto a função).
Quando se dá não se pede nada em troca.
Se doar tem que fazer função. A doação é bom que venha acompanhada de uma ordem explícita.
LÓGICA DE POSIÇÃO MATEMÁTICA - (Baldani operava pela lógica, sempre)
Não existe matéria - existem diferentes estados de energia. Matéria e energia é a própria reflexão de si mesma.
Três chaves lógicas para montar qualquer estrutura: E - OU - NÃO
A chave dá o comportamento. Descobrir em qual lógica está montada a pessoa, ver qual é a chave. Há combinação de chaves.
A chave E só dá uma verdade - matéria e espírito - só tem uma entrada e uma saída, só tem uma verdade. A pessoa é feita com uma verdade, é dependente, não é capaz de ir em nenhum lugar sozinha, não liberta como indivíduo, medrosa, definida, constante, profunda. Essa pessoa tem que ser analisada ao contrário.
A chave OU funciona com 3 verdades - matéria ou espírito; o espírito fica do lado. Tem que definir a posição dele e não é fácil definir o indefinido. Ele joga sempre com 3 verdades - ou matéria ou espírito ou nada (não, negação). Ambíguo, incerto, obscuro, inconstante, superficial, materialista.
A chave NÃO está sempre ligada e quando vai engolir, desliga. É uma chave inversora. Ansiedade permanente, um circuito que não desliga.
O mais duro que existe no corpo é o esmalte dentário. Na natureza é o diamante.
Num processo inteiro não existem patologias.
Neste texto irei compartilhar uma resenha que fiz sobre o livro "O social na psicologia e a psicologia social", de Fernando González Rey, cuja edição que tenho data de 2004, publicado pela Editora Vozes. Essa resenha eu fiz para meus alunos e alunas de Psicologia Social II, cuja ementa sugere amplificar o campo de entendimento da psicologia social para muito além da psicologia behaviorista (ou comportamental) norte americana. Portanto, o texto desta resenha é profundo e um tanto filosófico, mais do que teórico. Aqui não vou trazer a leitura de González Rey sobre a teoria da psicologia social, mas sua discussão sobre a ONTOLOGIA.
O livro está organizado em 3 capítulos. No primeiro ele compartilha a visão do social em diferentes campos da psicologia, no segundo ele discorre sobre as visões do social na psicologia social e no terceiro apresenta seu próprio entendimento e a sua busca pela construção de uma teoria que integre os fragmentos que encontrou no seu caminho de estudos.
É um livro de uma momento de maturidade em sua própria teoria da subjetividade, que ele construía desde 1994, ou até um pouco antes, se agregarmos ao seu histórico o foco na categoria de personalidade. Como é um autor que tem algo a propor teoricamente, mostra nessa obra o que considera os pontos fracos das outras teorias que existem na psicologia social e na psicologia como um todo.
Ele deixa claro no livro como as visões reducionistas de nosso objeto de estudos (o social na psicologia) acabam por perder de vista a complexidade do fenômeno psicológico humano. Assim ele propõe a saída da assunção da subjetividade como o foco de estudos da psicologia, dentro dos seguintes aspectos:
- termos em mão algo que atenda a todos os campos, contribuindo com a construção de uma PSICOLOGIA GERAL.
- a subjetividade entendida como um sistema de categorias e não uma categoria em si, absoluta e determinante. Essas categorias visam evidenciar o valor heurístico desse sistema macro.
- Compreender a subjetividade como especificidade ontológica do psiquismo humano. Nesse sentido, ela seria o campo qualitativo onde não existiriam as dicotomias, apesar de haver contradição e paradoxo.
O ontológico é um termo que González Rey emprega para defender a qualidade diferenciada dos processos e fenômenos do mundo psicológico humano. Com isso quer destacar a especificidade qualitativa que anima os registros de realidade que emergem em nossas construções. Assim, pretende superar a noção de que a única coisa a ser referida nos estudos humanos e seus espaços sociais sejam as práticas e relações.
Compreender a subjetividade como uma ontologia humana é compreendê-la como PRODUÇÃO e não como REFLEXO e é considerar que não existe ISOMORFIA entre a psique e o social, pois são fenômenos qualitativamente diferentes. O que caracteriza subjetivamente o psiquismo humano é seu caráter GERADOR.
A base ontológica daquilo que ele define como subjetividade é a unidade simbólico-emocional produzida no curso das experiências que se desenvolvem num espaço de cultura.