Minha razão

Olá!!
Criei esse espaço para postar subjetivações subjetivantes do sujeito que sou!
Filosofia, psicologia, educação.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Mentiras construídas

Na moralidade: a dualidade bem-mal, bom-mau, certo-errado;

Na autoridade: uns são escolhidos;

No campo do medo e agressividade: somos uma espécie ruim;

Na estratificação: uns são superiores;

Na concepção: a vida é uma luta!


Nada disso é verdade!

O amor incondicional

Relativizar-me

Desmoronar-me

Desentronizar-me

Desmentir-me

Desmascarar-me

Reconhecer-me

Harmonizar-me

Descortinar-me

Perder-me

Abrir-me

Dezarrazoar-me

Arriscar-me confiante

Saber dar nome aos demônios e aos deuses

Desmonte o falso realismo

Integrar-me

Sentir-me

Cuidar-me

Amparar-me

Romper a dicotomia preto-branco; bom-mau

Sujeito - agir - apareça

Ação - apresentar-se

Olhar para si mesma e conjugar as aprendizagens.

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Origens

 Com certeza

A mulher nativa

Filha da Terra

Virgem


Com certeza

O invasor

O macho, bárbaro, possessivo


Sou filha do amor e da dor.


Não há Deus que nos salve disso

Não há Evangelho que nos sustente.

Acorda!

terça-feira, 11 de julho de 2023

Mundo e adoecimento

Nós estamos numa sinuca de bico.

Adoecemos o mundo, que agora nos adoece.

Não conseguiremos des-adoecer o mundo estando no mundo adoecido.

O mundo adoecido precisa de seres sadios.

Os seres sadios des-adoecerão o mundo.

Mas o mundo está adoecido! 

Como conseguiremos manter os sadios, sadios?

Não é medicar o doente,

É terminar com o mundo adoecido.

É natural e oscilante - não existe total estabilidade na natureza.


segunda-feira, 3 de julho de 2023

Sonho

Sonhei conosco essa semana.

Entre os presentes e os ausentes na cena, fica só uma certeza.
Vozes do afeto me ouviam e vozes do intelecto me falavam.
Algo saiu do recinto e fechou a porta. E não quer mais voltar ao espaço comum.
Mas fez isso, pois algo não convidado invadiu o recinto. E veio cheio de arrogância e prepotência.
Entre múltiplas interpretações possíveis, a certeza de uma dor que vai ser difícil de curar.
O meu lugar nisso tudo?
Testemunhar e sentir.
Beijos,
Ana

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Delírios de Baldani

Apresento aqui neste post alguns dos delírios saudáveis de Mário Baldani, um dos precursores e criadores da Biocibernética Bucal nos anos 70. Encontrei essas anotações, feitas em um curso do qual participei nos dias 25 e 26 de agosto de 1990, por acaso. Elas estavam perdidas dentro de um caderno da formação de meu outro professor, o chileno Eleodoro Ortiz e só agora apareceram. Vou colocar tal qual encontrei no caderno, sem muito refinar, editar ou elaborar. Tudo o que aqui registro derivam das palavras de Mário Baldani. Só um deguste, para que fique aqui no tempo. Abre aspas!

Analfabeto é aquele que não tem consciência da realidade que vive e não aquele que não sabe escrever.

A criança nasce inocente e com cinco órgãos de sentidos ligados aos seus órgãos internos (organizados em si). Daí deriva a formação do sexto sentido, que é a percepção. Seis é sex, o sexo, ou seja - o seis ligado ao absoluto. A SEXUALIDADE é o sexo na idade.

Até dois anos a energia é totalmente bucal. A amamentação ocorre até ficar de pé. Depois que fica de pé ela se apoia no planeta e fica geocêntrica. Antes disso ela é antropocêntrica. De 4 até 6 anos a energia chega no sexo. O ano mais dramático é o 6º, quando chega o primeiro molar permanente. Outro ano dramático é o 19, quando chega o terceiro molar. E depois aos 42 anos. (21 + 21)

Se tudo vai funcionando certo, ok. No o sexto ano tudo fica introjetado. (aqui tem a analogia seis e sex)

PARADOXO = para viver o mundo de hoje, que está totalmente artificial, a boca não pode estar certinha. Se a boca está "fodida" a pessoa está melhor.

O furo n´água - só enquanto tem dedo é que tem furo.

Aprender a montar o processo no mecanismo de morte, que é = tudo pode! Menos uma coisa: matar! (morte, para Mário, era o maior tempo-espaço)

Quem sabe o que pode é o pai e a mãe. - E aí, não pode nada! Aí o próprio pai e a própria mãe matam o filho.

NORMA DO SISTEMA = a norma passa a ser normal.

Hoje em dia não se pode afirmar nada em biologia. Tem que ver a coerência e o que é coerente para um, não é para outro.

A criança indígena e a criança da mamadeira e da creche - a segunda está sendo programada para a tecnologia e a ciência.

Certo é o que funciona, então, rever o que não está funcionando e fazê-lo funcionar sem estabelecer padrões. 

A ciência não é má. Nós que fazemos um uso inadequado dela.

O homem cria problemas para achar soluções.

Sempre achamos bodes expiatórios para feitos nossos.

Não podemos levar o homem para o espaço do jeito que ele é, terráqueo.

Que bom que você está perdendo um dente. Sinal de que está fazendo experiências.

A experiência da encarnação é um grande choque, uma zona fóbica.

A experiência da grande massa preta energética, de alto potencial, que me dá choque e que eu ainda não consegui tocar. (tenho que atravessar essa zona fóbica, que é meu próprio medo).

- minha experiência uterina - meu parto - minha encarnação.

A experiência do grande uno que teve que começar a dividir, multiplicar, diferenciar, especializar e não tinha nenhum apoio.

Paleolítico - tempo uterino, formando inocência.

Neolítico - quando nasce, inocente.

A pedra lascada é onde começa a ciência. Daí vem a pedra polida e se constrói o templo, a prisão. Daí perde o templo, vem os podres, os valores externos e a criança vai para a prisão.

Período tribal; Período de grupos diferentes; Conceito de família; Democracia de massas; Democracia individual.

Para o indígena a pedra não tem valor de pedra preciosa. Há diferenças de valores nas culturas distintas.

Dos dois aos seis anos a criança é tribal. Não tem noção de espaço, de tempo, divisas, valores. Não tem referencial, não tem razão organizada. Não tem país, não tem divisa, forma um povo só.

Quando ela vai para a escola ela começa a aprender os limites (isso pode, isso não pode). Aí ela percebe onde a colocaram - a família, a loucura! Aí ela quer sair fora e se rebela.

Educar ou ensinar?

Dizer para o filho ser coerente como o pai? Que coerência? Cada um tem seu processo, sua história.

A criança briga com a família e vai para a democracia de massas - deixa crescer o cabelo, vira hippie, coloca a música alta, adquire ídolos, pega piolho, etc. Arrebenta as estruturas e não coloca outra no lugar. Aí vai para a Universidade. O difícil é entrar na democracia individual. É fácil ficar na democracia de massa.

A história se repete porque é introjetada no automático.

Vão introjetando conceitos na criança, acabando sua inocência. Vai criando a prisão, a culpa. Quando adulta ela estará totalmente introjetada.

Caímos na gaiola de ouro por amor. Estamos aprisionados. Nunca defenda a gaiola de ouro por ela ser de ouro. Somos subconscientes automatizados.

A terapia é uma forma de tratar a grande dor que o homem criou no universo. Na evolução, na medida que o homem ia mexendo no planeta, explorando, ele foi causando sua própria doença (corporal e espiritual).

Eu sou a ideia que injetaram em mim. Não existe pai e mãe - só guardiões dos espíritos livres (filhos de Deus). Ninguém é filho de ninguém.

A razão é referencial (a razão científica). A consciência é uma percepção maior.  Há o médico que não está preocupado com a vida e sim com a razão científica.

A mística do engodo é a maquiagem dos símbolos, que é o engodo da ciência. (transferiram o poder do padre para o cientista)

Nós somos a forma como nós pensamos. As tensões se liberam na forma de pensar.

O Eu ainda continua na nossa cabeça, na forma de pensar - ele ainda acredita na gaiola de ouro.

Existe um grande engodo na liberação do sexo, pois a liberação é no pensar. O vício é o dogma. Libera a cabeça e não mais existirão vícios, prisões. Quanto mais recalca o subconsciente, mais exacerba o sexo.

Nós somos descrentes de nós mesmos, não acreditamos no nosso potencial e por isso o castramos e preferimos não vivê-lo.

O PENSO é curativo (penso da mente = pensamento) - somos castrados, temos o nosso pensamento castrado.

A hora que abaixarem os dogmas, os conflitos atenuam. Mudaria a forma de pensamento da sociedade. Os dogmas que geram culpa são os de maior choque.

Nunca uma patologia foi eliminada - tá tudo sob controle por que é cultural. Para eliminá-la teria que eliminar a cultura.

(mastigar bem para fazer boa digestão)

As progressões:

1. Neuronal - progressão binária - 2 - 4 - 8 - 16 - 32 - 64 - 128 - 256 - altamente sensível no corpo, uma estrutura de memória.

2. Mielina espiralada - progressão logarítmica - 1 - 2 - 3 - 5 - 8 - 13 - 21 - 34 - 55 - 89 - 144 - 233 - 377

3. Cortical - progressão linear - 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9 - 10 - 11 - ... - 33 - dá o enquadramento das coisas, o referencial - isso é bom, isso é ruim; isso pode, isso não pode.

Tudo tem um parâmetro, tudo tem um término.

As progressões são Neuronal, ligada às sensações; Mielina, ligada às emoções; Córtex, ligado à razão.

O tempo eu que determino = tempo que eu crio na quantidade que eu quero, de acordo com as minhas necessidades.

VIDA = o que eu quero manifestar - a ida da visão.

AMOR - a maior sabedoria

Mas eu realizo aquilo que foi introjetado, até que eu quebre essas ordens.

A preocupação da família é introjetar o mais rápido possível (VOCÊ "TEM QUE" FAZER ISSO).

INTROJEÇÃO DE SISTEMAS  (diferente de) eu faço aquilo que não me deixa apreensiva

Progressão do tempo - sistema de base - uma base para fazer uma expressão

O homem está no sistema de base 16 - 16 articulações - e tudo se junta no 33 (aqui entendo que Mário foca nos dentes - 32 + 1 = 33. Nossa base são os quatro grupos de 8 dentes, as 16 articulações. 16 no superior e 16 no inferior, estabelecendo aqui a base binária. Imagino isso agora, pois não temos 16 articulações. As grandes articulações são 13)

O máximo da razão humana se dá no número da besta - não precisa ir além dessas progressões

256 + 377 + 33 = 666

A função do tempo é a consciência e está ligado na têmpora.

No corpo humano é tudo por potência.

A matemática reforça a religião. 

2º=1; 2¹=2; 2²=4; 2³=8; 2=16; 2= 32; 2= 64; 2= 128; 2=256

E se você usar a base, você não escapa, pois tudo é introjetado.

A espécie emergiu em base 2 e precisou de milênios para chegar na base 10.

O que gera as patologias é a defasagem do tempo.

Decimal é acelerado, rápido. O binário é mais lento.    

2 elevado a zero é 1 (2º=1); 2 elevado a um é 2 (2¹=2); 2 elevado a 2 é 4 (2²=4); 2 elevado a 3 é 8 (2³=8) ...

10 elevado a zero é 1 (10º=1); 10 elevado a 1 é 10 (10¹=10); 10 elevado a 2 é 100 (10²=100); dez elevado à 3 é 1000 (10³=1000)

São progressões muito distintas e com velocidades diferentes de progressão.

No binário só existe o zero e o um. (0 - 1)

O binário não divide, não cria patologias. (se eu estou numa função eu vou nela até o fim)

Não pode misturar as coisas - separar o joio do trigo - desembolar o cotidiano.

Definir - sim e não

Se tem interesse - se tem um grau de importância - se tem um sentido - se tem significado - se não tem interferência - se tem atrito, se é de minha vontade - se é ético - se faço dentro do tempo certo (moral) - se é estético. E o mais importante de tudo - que retorno eu tenho.

Nunca devemos pedir nada a ninguém, muito menos a Deus. Nós somos efetuadores daquilo que vem da fonte. Deus paga, ele não é devedor - nós é que somos, por que não fazemos.

O aprendizado junto - fazer junto - colocar a mão na massa por que 60% da memória pertence ao tato. Mostrar pronto não ensina nada. Em tudo nós temos que participar. Não proibir, nem castrar a mão - por a mão na massa - usar o tato. O tato ocupa 60% das memórias do cérebro - os outros 40% são divididos entre outros.

O verbo é a dinâmica que permite a vida se manifestar.

Forma - função

DAR - DOAR

Dar é a forma sem função

Doar permite a função, fazer funcionar e não ficar ocioso.

DOAR tem que ter sabedoria (A), senão fica DOR.

Emprestar não é doar.

A pessoa não pode ficar ociosa, senão ela apodrece.

Quanto mais funcionar a forma, mais viva ela fica. Se não ela degenera.

A mãe se doa se ela faz o filho funcionar (doação é participação, fazendo junto a função).

Quando se dá não se pede nada em troca.

Se doar tem que fazer função. A doação é bom que venha acompanhada de uma ordem explícita.

LÓGICA DE POSIÇÃO MATEMÁTICA - (Baldani operava pela lógica, sempre)

Não existe matéria - existem diferentes estados de energia. Matéria e energia é a própria reflexão de si mesma.

Três chaves lógicas para montar qualquer estrutura: E - OU - NÃO

A chave dá o comportamento. Descobrir em qual lógica está montada a pessoa, ver qual é a chave. Há combinação de chaves.

A chave E só dá uma verdade - matéria e espírito - só tem uma entrada e uma saída, só tem uma verdade. A pessoa é feita com uma verdade, é dependente, não é capaz de ir em nenhum lugar sozinha, não liberta como indivíduo, medrosa, definida, constante, profunda. Essa pessoa tem que ser analisada ao contrário.

A chave OU funciona com 3 verdades - matéria ou espírito; o espírito fica do lado. Tem que definir a posição dele e não é fácil definir o indefinido. Ele joga sempre com 3 verdades - ou matéria ou espírito ou nada (não, negação). Ambíguo, incerto, obscuro, inconstante, superficial, materialista.

A chave NÃO está sempre ligada e quando vai engolir, desliga. É uma chave inversora. Ansiedade permanente, um circuito que não desliga.


O mais duro que existe no corpo é o esmalte dentário. Na natureza é o diamante.

Num processo inteiro não existem patologias.


quarta-feira, 22 de março de 2023

Psicologia Social

Neste texto irei compartilhar uma resenha que fiz sobre o livro "O social na psicologia e a psicologia social", de Fernando González Rey, cuja edição que tenho data de 2004, publicado pela Editora Vozes. Essa resenha eu fiz para meus alunos e alunas de Psicologia Social II, cuja ementa sugere amplificar o campo de entendimento da psicologia social para muito além da psicologia behaviorista (ou comportamental) norte americana. Portanto, o texto desta resenha é profundo e um tanto filosófico, mais do que teórico. Aqui não vou trazer a leitura de González Rey sobre a teoria da psicologia social, mas sua discussão sobre a ONTOLOGIA.

O livro está organizado em 3 capítulos. No primeiro ele compartilha a visão do social em diferentes campos da psicologia, no segundo ele discorre sobre as visões do social na psicologia social e no terceiro apresenta seu próprio entendimento e a sua busca pela construção de uma teoria que integre os fragmentos que encontrou no seu caminho de estudos.

É um livro de uma momento de maturidade em sua própria teoria da subjetividade, que ele construía desde 1994, ou até um pouco antes, se agregarmos ao seu histórico o foco na categoria de personalidade. Como é um autor que tem algo a propor teoricamente, mostra nessa obra o que considera os pontos fracos das outras teorias que existem na psicologia social e na psicologia como um todo.

Ele deixa claro no livro como as visões reducionistas de nosso objeto de estudos (o social na psicologia) acabam por perder de vista a complexidade do fenômeno psicológico humano. Assim ele propõe a saída da assunção da subjetividade como o foco de estudos da psicologia, dentro dos seguintes aspectos:

 - termos em mão algo que atenda a todos os campos, contribuindo com a construção de uma PSICOLOGIA GERAL.

 - a subjetividade entendida como um sistema de categorias e não uma categoria em si, absoluta e determinante. Essas categorias visam evidenciar o valor heurístico desse sistema macro.

 - Compreender a subjetividade como especificidade ontológica do psiquismo humano. Nesse sentido, ela seria o campo qualitativo onde não existiriam as dicotomias, apesar de haver contradição e paradoxo.

O ontológico é um termo que González Rey emprega para defender a qualidade diferenciada dos processos e fenômenos do mundo psicológico humano. Com isso quer destacar a especificidade qualitativa que anima os registros de realidade que emergem em nossas construções. Assim, pretende superar a noção de que a única coisa a ser referida nos estudos humanos e seus espaços sociais sejam as práticas e relações.

Compreender a subjetividade como uma ontologia humana é compreendê-la como PRODUÇÃO e não como REFLEXO e é considerar que não existe ISOMORFIA entre a psique e o social, pois são fenômenos qualitativamente diferentes. O que caracteriza subjetivamente o psiquismo humano é seu caráter GERADOR.

A base ontológica daquilo que ele define como subjetividade é a unidade simbólico-emocional produzida no curso das experiências que se desenvolvem num espaço de cultura.