Minha razão

Olá!!
Criei esse espaço para postar subjetivações subjetivantes do sujeito que sou!
Filosofia, psicologia, educação.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Vida uterina

       Parece que já nascemos. Mas isso é falso. Ainda vamos nascer.
       Cada vez que eu nasço, forma-se uma nova possibilidade de nascer.
       Assim, vou percorrendo a vida em úteros. Não me ensinaram, portanto não percebo, mas estou sempre dentro de um útero. Sempre há um lugar mais amplo que eu, que me comporta e também às minhas necessidades vitais.
       Meu primeiro útero é cósmico. Mesmo estando eu já na matéria, pois sou uma célula ovo, vivo de mim em mim mesma e tenho meu alimento implícito, um vitelo. Ainda me sinto como uma matéria organizada qualquer que flutua no mar do Cosmos.  Rodo solta no mundo até que nasço em outro útero, o útero materno
       Dentro do ventre de uma mãe, alguém que me acolhe em seu espaço, venho do voo cósmico e me ato nesse ser, nessa mãe. Criamos um cordão umbilical e por aí recebo minha nutrição vital. Uma água tépida me envolve na bolsa que habito. Meu único impacto externo é a vida de minha mãe e nossa simbiose.
      Daí nasço, nesse que é o nascer mais popular: o parir da mãe e o respirar a plenos músculos. O ar entra e inspira e sai expirando e vivo. Mas vivo ainda em um útero, o útero do seio materno. Nesse seio vou ficar vinculada até quando me seja possível. Por um bom tempo não poderei me afastar desse seio. Mas que me seja suficiente e que demore para me ser artificial. Mamo em minha mãe e dela me afasto e me reaproximo e aí conheço o mundo. Fico neste útero até que o vertical me chegue.
      Quando estou na vertical, estou no meu novo útero. O útero da vida na Terra. Minha mãe de ventre biológico me entrega à minha verdadeira mãe: a Mãe Terra. Agora ela que me nutre e me sustenta. Vertical e em movimento, exploro essa minha nova mãe. Devo andar por ela curioso, amparado e nutrido de todos os seus sabores e cores, de onde virão os meus saberes. Deixo o mar inconsciente da espécie e me singularizo nesse vasto mundo de vida.
       Um dia meus dentes começam a trocar. Forma-se minha persona nas idades. Vou trocando terminais sensoriais e vou dando vida aos novos circuitos neurais que me farão pessoa viva no mundo. Vivo em um útero que vai permanecer dos sete aos vinte um anos, aproximadamente. Nesse útero vivo o meu processo de maturação de bio-logia na lógica da vida da mãe Terra, chegando no tempo a percepção que de um planeta caminho a um sistema mais amplo, um Sistema Solar. sou uma unidade num sistema de diversidades, estou num sistema que reúne outros planetas, outros eus. Desse patamar posso ir rumo ao próximo útero. De um planeta habitante de um sistema solar, eu, um filho de uma família que está em sociedade, vou conhecer galáxias.
       Do sistema solar ao útero da Via Láctea. Um longo útero, lugar de um processo de contínuo desgaste funcional. Dos tenros 21 anos aos maduros 56. Nesse período de vida dou forma ao ser nutrindo-me no leite da Via Láctea, fonte de inspirações profundas e transformadoras, de mim mesma e do mundo ao meu redor. Venho de um caminho que começa no mar inconsciente da espécie, morrendo em um útero, nascendo em outro, continuando meu caminho, explorando meus horizontes de eventos, atravessando fronteiras no movimento de trans-formar. Na matéria chego no ápice e declino em seus desgastes. Experimento os êxtase e gozos, para enfim sossegar na quietude da plenitude. A matéria corrompe e o espírito avança. Tempo de integrar os centros vitais cerebrais em uma unidade, na amplitude de uma galáxia. Uno meu pensar, meu sentir e meu agir, caminhando na convergência que liberta o espírito. Vivo submersa nas fontes de leite das tetas de Via Láctea.
       Uma vez madura, tenho coragem de deixar as tetas seguras da Via Láctea e mergulho no Universo sem fim. No corpo vou desgastando, mas na mente vou avançando, aproveitando a força desse útero universal de lucidez. Tenho domínio do aparelho e canalizo as forças de alta frequência, para que se manifestem aqui e possam harmonizar nossos centros de vivência, de sentir e de pensar. Fazemos na vida a mudança pelas sabedorias que chegam de reinos do universo infinito.
       Se avanço na vida, e aqui continuo forte, chego aos 84 anos e posso vir a ser clarividente. Nessa idade da persona encontro o último útero de vida aqui na Terra, a mãe que me entregará ao Cosmos, para onde retornarei. Esse é o útero da transição, pois o próximo útero ainda nos é desconhecido. Mas, habituado que estou a mudar de úteros, não sinto receio do espaço desconhecido que virá, pois sei que será mais um útero cuja finitude é também previsível ou imaginável. E que por ali meu caminhar poderá continuar. Eu venho do primeiro útero, que é também cósmico, então poderei aí estar, de volta ao mar inconsciente e ancestral da espécie.
       De ciclos em ciclos, vou fazendo o viver da matéria em entropia e do espírito em sintropia, holotropia, neguentropia. Do útero cósmico o ovo desce ao útero materno e passa a ser. Daí se liberta e alcança o útero do seio, onde passa a estar. Desse útero alcança o útero da Mãe Terra, que o libera ao útero do Sistema Solar, que o entrega ao útero da Via Láctea, que o amplifica no útero do Universo, que por fim clarifica no útero da clarividência, Útero do Finito Estar do Infinito Ser. Oito úteros de vida uterina do macacão de carne aqui na matéria.

Créditos: Essa matéria aprendi com Prof. Mário Baldani, nos meus cursos de formação em Biocibernética Bucal. Como estou chegando na maturidade dos 56, muitas das palavras aí colocadas já são minhas.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Transferência de informação

Queria aprender a linkar as coisas sem perder suas singularidades.

E queria que as pessoas parassem de linkar a si mesmas a certos pacotes de informação disponíveis hoje via redes de comunicação social.

Falo sobre a delicada membrana que separa o ser singular do ser plural.

Falo da ocupação das mentes de uns por outros, do eu ao tu, com pacotes de informação desnecessários ao processo de desenvolvimento humano. Pacotes de entropia.

Linkar-nos hoje nos massifica e nos leva por ondas que são devastadoras. Estamos recebendo um cérebro a mais, cujo controle de mensagens não nos pertence de todo. Eu ainda não aprendi a controlar meu cérebro biológico e já tenho que controlar mais um cérebro tecnológico, mais um para lidar. E um que manda pacotes de informação dos mais variados o tempo todo e, se eu ficar grudada demais nesse cérebro tecnológico, vou ver mesmo que eu não tenho mais controle e nossa ... o que é isso tudo mesmo? Será que eu entendi o que eu falei? Vou tentar ser mais direta.

Hoje circulam muitas merdas. E um presidente que fala merdas, autoriza e institucionaliza a veiculação de pacotes de merda. Eu engulo e produzo pacotes de merda e ocupo as mentes dos outros com essas merdas. Então, fique com sua merda. Não ocupe a mente do outro com merdas. Não leve em frente esses pacotes de informação. Informação vem como luz, em pacotes. Tenha consciência dos pacotes de informação que ocupam a tua mente e que você emana, propaga.

Falar e pensar hoje em dia é feito pelo acréscimos dos dispositivos materiais portáveis. Todos nós estamos com um adereço a mais ao aparato biológico e estamos conectados uns aos outros o tempo todo. Meu notebook me filma agora enquanto eu digito esse texto para meu blog. Mesmo que eu assuma hoje um pseudônimo (coisa que muitos dos nossos ancestrais tinham para poder publicar suas ideias mais contundentes e provocadoras do sistema), por conta do aparato que já aí está, não sou mais uma anônima. Não tenho mais formas de me camuflar, pois existem os programas de identificação de face.

Então, vamos assumir o que somos e vamos parar de veicular merdas. Sabendo que não sou mais anônima, não posso passar em frente pacotes de informação que sejam entrópicos por serem medíocres. A entropia já está muito grande no sistema e sinto melhor vibrar pacotes de energia informacional que promovam um colapso de onda de matéria harmônica. Em outras palavras, plasmar o humano mais lindo vivendo na Terra mais plena! Direito de qualquer um que encarnou aqui nesse planeta. Assinamos o contrato de vida, pois A miramos de fora e sentimos: nossa, como é linda!! Quero entrar ! Portanto, todos temos o direito de viver toda a lindeza da Terra para todo o sempre das muitas gerações futuras que ainda poderão estar aqui. Só que para isso, temos que parar de circular merdas poluentes.

Esquecemos por milênios essa visão da Terra vista de fora, mas hoje, com nossas tecnologias, fica mais fácil lembrar e agir de acordo com o total respeito aos sistemas macros, intangíveis e incomensuráveis. Se a Terra, por si só, existe no sistema cósmico, quem sou eu, observador externo do sistema, que quero com ela formar uma unidade existencial?

Hoje eu entendo que nossa evolução tecnológica teve o objetivo de nos ajudar a lembrar quem somos e ativar o potencial cerebral que temos. Defendo que a tecnologia gerada seja aplicada aos serviços pesados da sobrevivência e que nós possamos estar mais liberados para amar a natureza, produzir cultura e praticar harmonia entre nossa espécie e todas as demais que possam estar aqui, pois tudo que está aqui está vivo. Imaginem um cérebro como nosso praticando todas as suas potencialidades de mente infinita. Não falo de matéria finita, pois ela merece transformar. Falo de imaterialidade infinita, pois essa é a onda que existe junto com a matéria.

Vejo que o desenvolvimento da tecnologia foca projetos malucos, tipo montar uma colônia em Marte para enviar alguns poucos escolhidos que sobreviverão ao cataclismo aqui na Terra para salvar nossa espécie. Sorte minha que não estarei nesse grupo. Prefiro continuar terráquea a virar marciana e torço para que toda essa potencialidade cerebral de criar mundos possa ser canalizada à redução de danos, tanto do planeta, quanto da humanidade.

Nossa inteligência cerebral nos levou onde estamos e isso dá um tamanho a nossa potência. Fico sentindo o que Aristóteles pôde pensar sobre "potência" e o que eu posso pensar hoje.

Um cérebro singular, que se sabe potente e coloca em práticas essas potencialidades, junto com outros singulares desse tipo, ajuda na construção de um caminho de mundo de tecnologia em benefício da Terra e da sobrevivência equânime de todos. Um Eu atento ajuda na reformulação do direcionamento do caminho do nós enquanto espécie viva. Basta saber como se linkar e quais pacotes informacionais quer propagar. E praticar essas mudanças em seu viver concreto.

Mas o que vejo são espaços de produção e propagação de ideias massificadoras, que nos tiram de nosso objetivo maior, que é viver com amor, trabalho e conhecimento. Desenvolver a espécie, pensando em como estarão as futuras gerações. Ser atento hoje para que a filha de minha filha seja atenta amanhã. Produzir sobrevivência com respeito ao solo sempre pensando em como ele poderá estar amanhã.

O que vejo são pessoas massificadas e anuladas em si, sendo controladas pelo cérebro que carrega como apêndice. E os singulares se perdem nesse todo entrópico. Os sujeitos mortos e o viver comprometido. Estamos todos caminhando para um suicídio, junto com vários assassinatos.

Que forças controlam as informações que ocupam a minha mente?

Sei lá, só quis criar um link de amor. Tornar esse ícone acessível e possível.
Ver meu Brasil esses tempos está me deixando muito reflexiva e ativa.
Queria aprender a linkar coisas sem perder certas singularidades.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Quem adoece é o todo e não a parte

       Nossos sintomas são nossos parceiros de caminhada. Quando aparece um sintoma, seja ele psíquico ou fisiológico, importante compreendermos o que esse sinal procura alertar. Posso passar por ele mais descompromissada, olhando-o como se ele fosse isolado de um todo maior. Entretanto, quando permito ampliar meus receptores, percebo que esses sinais fazem parte de um caminho de desenvolvimento e podem me ajudar a crescer e transformar.
       Já comentei em outras postagens que transformar dá trabalho e assim adiamos a transformação para um dia qualquer, que não sabemos bem qual é. Todavia, quando emerge um sintoma forte o sistema está falando: luz vermelha, há algo em seu percurso que é necessário atentar. Um sintoma que cresce sem desvios pode levar o sistema todo a colapsar.
       Mas existem os remédios e eles aplacam os sintomas. Quantos são os pacientes que perdi para os remédios! Nem tenho como contar. "Ah, agora estou tomando remédio e dormi bem!" ou "Ah, agora estou tomando o remédio e consegui acordar bem!" ou "Ah, agora estou tomando o remédio e consigo o foco no meu trabalho e estou mais calmo com meus filhos!" E por aí afora!
       Só que desconsideramos que nosso cérebro, por funcionar por auto-regulação, pode produzir substâncias por ele mesmo que podem regular meus sinais psíquicos e corporais. Só que para conseguir isso, não posso adiar uma transformação para um dia qualquer que nunca chegará.
       Quando falamos em sintomas fisiológicos soma-se a possibilidade de compreendermos que o sintoma "veio por agente externo". Uma gripe foi um vírus, uma inflamação foi uma bactéria, um desarranjo foi um fungo. Só que com isso anestesiamos a noção de que o fungo, ou bactéria ou vírus se desenvolveu em mim, um corpo integrado. São níveis qualitativos distintos, um fisiológico, um emocional, outro racional, mas todos são camadas da mesma unidade.
       Não sou a primeira que vou defender isso e nem serei a última, mas considero relevante aproveitar o sintoma para crescer, para desenvolver, para transformar. Existem livros que universalizam os signos, mas defendo que os mesmos precisam fazer parte de um diálogo com o ser singular que apresentou o sintoma. Talvez uma reação alérgica nos pés (muitas vezes resultantes de uma colônia de fungos que escolheu esse local para se desenvolver) pode significar "não quero caminhar", mas talvez possa significar "cansei de caminhar". Quem sabe possa ainda significar "quero alguém para caminhar comigo" ou "cansei de caminhar ao lado desse alguém". Não temos como determinar, não temos como precisar. Estaria algo nos pés ligado ao caminhar? Ou estaria ligado ao suportar, ao estabilizar, ao parar? Muitas possibilidades se abrem.
       Daí a importância de falarmos em sujeito. O sujeito do sintoma. Nenhum profissional tem o direito de marcar um singular com o social, ainda que de saída saibamos que esse sujeito só existe por ser social. O singular precisa do direito de fala. Nosso trabalho é encontrar armadilhas, desarmar contradições, indicar confluências, sinalizar gatilhos, apontar desdobramentos.
       Um bom profissional de saúde educa para a consciência e não se sobrepõe, assumindo um lugar de dono do saber, de portador de todos os códigos e de detentor da resolução. Podemos conhecer as medicinas, podemos colocar em confrontos as experiências daqueles que nos procuram, mas jamais devemos assumir o lugar de soberano ante todo o saber.
         

Pierre Rivière e as traduções de sua ação

       Aos que estudam psicologia, e querem sustentar o título de profissional do psique, recomendo a leitura de "Eu, Pierre Rivière, que degolei minha mãe, minha irmã e meu irmão", coordenado por Michel Foucalt e publicado em 1973.
       Essa obra mostra o cuidado que precisamos ter ao estarmos no nosso lugar de "intérpretes" do psiquismo. Primeiro por que Foucalt sempre lembra da relação entre poder e conhecimento. Depois por que, ao estarmos cientes da subjetividade, sabemos que não basta ouvir por uma via, pois isso despreza todas as outras múltiplas vias de compreensão de uma história. E, por fim, por nos ensinar sobre as disputas entre saberes que levam ao assassinato do sujeito da ação. 
       O assassinato do sujeito da ação nessa obra culmina com o desrespeito ao sentido que o sujeito queria dar à sua vida, que seria a sua morte. No caso relatado, um fato ocorrido em 1835, uma ação revela alguém que matou para morrer. Um Eu que não matou, mas que morreu. Um Eu que matou para matar a si. Como condenar? Como traduzir?
       A discussão que está em foco é a disputa entre dois saberes superiores: o médico e o jurídico. Esses dois saberes, no tempo em questão, divergem sobre a razão e a des-razão. Se a ação é um discurso, o que ela fala? Quem eu vejo na ação? Um louco ou uma besta? Um delírio ou uma intenção? O curioso é que aquilo que para uns era sinal de loucura, para outros era sinal de lucidez.
       Destaca-se o contexto tão bem trabalhado pelos autores do livro, uma época em que a morte entra em foco e a justiça debate o matar em glória de soldado, que é o matar autorizado pela sociedade, e o matar do assassino frio, aquele sem louvor e colocado em tom de desprezo. Ambos são matar, mas são pesos distintos numa sociedade que se faz hipócrita. O assassinato torna imortal o guerreiro, mas garante o nome sombrio do criminoso. Que linha tênue habita o intervalo entre o legítimo e o ilegítimo na ação de finalizar a vida de outrem. É o próprio Foucalt que debate o cuidado em que se operam as divisões entre o "gesto glorioso do soldado" e o "ato vergonhoso do assassino". Nessa linha se forma uma sociedade patriarcal que tem no poder da vida e da morte o seu desdobramento. Como manter a integridade social quando alguns são autorizados a matar?
       O encanto nessa obra mora na elucidação de quatro vozes: a do sujeito da ação, a do povo em torno da ação, a do saber judiciário e a do saber médico. Quatro séries de discursos que indicam deslizamentos de sentidos e contradições. O objetivo do grupo de trabalho que Foucalt coordenou e que resultou na obra publicada foi: "explicar como se operam os deslizamentos, como se determinam estas contradições" partindo de confrontações entre essas quatro narrativas.
       O mais incrível dessa aventura é ver que numa mesma ação interpreta-se o sujeito como louco ou como um gênio, como um idiota ou como um ser extremamente sagaz. Na verdade, o que está em jogo é o assassinato do sujeito, só que no caso de Pierre Rivière não conseguem. Ele se faz sujeito de sua intenção até o fim.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Meu lugar de trabalho

Motivo da ação
Motivação/ação
Pensamento
     Conteúdo
     Forma
     Linguagem
     Compreensão
     Expressão
     Concentração
     Foco
Colaboração
Consolidação
Recordação
Esquema corporal
Coordenadas
Intensidades
Limiares
Seletividade
Sensitivo
Captor
Sensório
Sensorial
Integral

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Uma base para um apanhado geral

       Desde 1989 trilho um caminho ao lado da Biocibernética Bucal. É um caminho árduo, pois é feito ao lado de um saber e fazer marginal. A BCB não tem reconhecimentos científicos em certas comunidades e é tratada como senso comum questionável e pouco provável. Além disso, no meio desse caminho, mais ou menos em 2009, meu parceiro odontólogo achou por bem investir em outros focos, em outros caminhos, que não o da Biocibernética Bucal. Foi estudar implante, ortodontia e DTM.  Dentre outras, sentiu que seus colegas desse caminho marginal falavam muito em outras escolas também marginais, mas não falavam dos avanços odontológicos que a BCB carecia e do diálogo que ela deveria ativar com a odontologia mais convencional que também apontava aberturas para o entendimento do lugar da boca no todo do corpo. Porém, mesmo que me companheiro tenha feito essa opção, eu continuei caminhando um tanto biociberneta, pois quando vou com a psicologia deixo de ser marginal e passo a ser essencial nessa senda. Assim, sempre continuei intrigada e continuei estudando ecologia, mesmo depois de publicar a Biocibernética Bucal em Verso e Prosa em 2012.
       Mário Baldani sugeria que nós lêssemos TUDO e segui esse conselho. Obviamente ainda não li tudo, mas li muito desde então. São 30 anos que venho lendo e lendo e sempre ampliando o tudo que pode ser o TODO que Mário Baldani nos sugeriu de leitura para compreender a Biocibernética.
       Ano passado foi um ano em que muito pude ler e pouco escrevi. Como alterei meu sistema de trabalho, consegui mais tempo para investir em estudos necessários ao avanço nesse saber. Então, esse ano posso produzir muitos textos com base nessa leitura feita e vou aceitar o desafio de expor esses saberes aqui mais à miúde. Foi um ano que consegui ler sobre o humano, sobre o tempo, sobre o espaço, sobre o dentro, sobre o fora, sobre o de cima e sobre o de baixo. Sobre saúde, educação e espiritualidade. Sobre corpo e psiquismo. Li muita ciência e li também obras que integram ciência com outras linguagens.
       Ler filosofia, arte, ciência, espiritualidade e política, que são cinco vias de expressão do saber e que podem ser compreendidas como os cinco dedos da mão que produz nossa vida aqui nessa Terra e que perpassam a complexidade necessária à compreensão da biocibernética, é a ação necessária à conquista desse saber e consolidam um grau de formação, uma curva de aprendizagem em biocibernética.
       Assim, esse tanto lido em 2019 merece um apanhado geral, contribuindo com o avanço desse caminho marginal à odontologia, mas essencial à psicologia e outras ciências da saúde e da educação. Noto que não podemos mais adiar a apropriação de um saber essencial por todos nós, seres humanos. As chaves que nos livram da prisão são até óbvias, mas são reiteradamente camufladas, distorcidas, invalidadas. Mas quando assumirmos que é na ação que conseguimos a melhor relação com essas chaves, todo dia vai ser um dia bom para compartilhar chaves com pessoas que poderão colocar em prática e em ação os códigos que são abertos por essas chaves que nos livram da prisão.  Lembro que a prisão tem relação com a cela, que é a célula que aprisionou o plasma, o espírito livre. (Vide filme)
       Um apanhado geral pode levar mais de um ano para ser feito, mas ele tem que começar em um ponto ou momento. Vou começar, então, com W. Reich e algumas coisas que ele nos lembrou sobre os estudos e trabalhos com a bioenergética, que obviamente tem relação e afinidade com a biocibernética. Primeiro, que temos que ser científicos, senão seremos desarticulados muito rapidamente em nossas fragilidades. Depois, que temos que compreender que vivemos sobre três pilares: amor, conhecimento e trabalho. Todos esses três precisam ser livres e circular em igual proporção entre todos. E, por fim, compreender que trabalho é harmonização de todas as funções necessárias para a garantia de nossa sobrevivência enquanto espécie, afirmando que TODOS somos da mesma espécie e que, portanto temos direito ao trabalho e à qualificação para tal.
       Vamos perceber que, no apanhado geral, Reich nos brinda com três elementos (o que faz dele um pensador triádico) que estão simbolizados em três centros de inteligência: coração, cabeça e ventre, respectivamente. Assim, lembro que uma das chaves é harmonizar esses três centros em cada ser singular (quem quiser que assuma o seu) e também no ser coletivo da humanidade, que é o que  resulta dos muitos singulares que alcançaram isso. Bora começar! Se materializarmos a circulação do conhecimento que qualifica o trabalho e o garante para todos e cada um de nós, o amor ficará livre, irá circular e irá sustentar todo o sistema. Assim de simples. É por isso que os detentores do poder, do capital e da força de produção não querem colaborar. Não querem a liberdade e o usufruto da energia por todos e cada um de nós, pois assim eles perdem seus privilégios de seres detentores de energia de vida, de bioenergia. A primeira prisão é a prisão da bio-energia e do desrespeito à bio-lógica.
      
        

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Escrever ativar

       Os lobos e lobas pediram para eu escrever.
       Aos lobos e lobas escrevo.
       Ao selvagem que pulsa e vibra.
       Ao escrever que ativa.