Estágio Supervisionado na Clínica Psicológica com base
na Teoria da Subjetividade.
Dra. Ana Maria Orofino Teles – psicóloga profissional
autônoma
Palavras chave: subjetividade, psicoterapia,
psicoterapeuta
Atividade exercida do ano 2015 até 2018 no IESB
Oeste-Ceilândia/DF
Quando parto da
subjetividade na mirada de González Rey (1997, 2005, 2007, 2011) não posso
falar de uma especialização ou de uma capacitação dentro de uma ordem técnica. Meu
trabalho, ao longo de mais de quatro anos como professora de psicologia, focou na
aproximação ao espaço psicoterapêutico como um lugar de construção de estratégias
de provocação do Outro, onde a criatividade e sensibilidade do terapeuta
entraram como o elemento central do processo. Nesse sentido, no lugar de
educadora, coordenava atividades dinâmicas de estímulo à criatividade e aos processos de
construção de sensibilidade perceptiva ao momento do outro dentro dos marcos da
psicoterapia. Nos encontros de supervisão atuava na produção da estratégia necessária a cada momento
específico em questão, e para cada pessoa em singular, fosse ela psicoterapeuta
ou pessoa em atendimento. Tendo a subjetividade como ponto de partida, considerava
o humano como ser vivo e dinâmico, não uma máquina que responde à mecanicidade,
sempre disponível às infinitas predisposições básicas do vir a ser, seja para o
bem ou para o mau, para o desenvolvimento ou para a estagnação. Assim, criar e produzir sempre foram as molas mestras.
A teoria fornecia, dentre
outros, uma visão de mundo que possibilitava compreender a subjetividade como
um espaço que não se reduzia ao intrapsíquico, ao biológico ou ao
sociológico-cultural, sendo ao mesmo tempo por todos eles constituída. As
categorias de sujeito, de configuração subjetiva (organização instável da subjetividade) e de sentido subjetivo (caráter gerador do psíquico, considerando a imaginação e
a criatividade como instâncias geradoras de processos simbólico-emocionais) eram o suporte que investigávamos e tangenciávamos para realizarmos efetivamente
as atividades clínicas. O psicoterapeuta não era visto como um tecnólogo e sim como
uma pessoa em um encontro dialógico, provocando o outro a ver-se e rever-se,
estimulando a produção de sentidos subjetivos que se desdobrassem em
reconfigurações que auxiliassem na transformação dos seus transtornos.
Em resumo, na nossa forma
de trabalhar, psicoterapeuta e paciente são compreendidos como duas pessoas que
crescem num encontro, sendo a estratégia de trabalho o facilitador do encontro
provocativo. Nessa abordagem psicoterapêutica não existe um modelo a ser
seguido, somente o desafio de encarar cada pessoa que chega como singular e
cada novo encontro como possibilitador criativo de ação e transformação da
situação concreta do viver.
Para a teoria da
subjetividade é importante considerar o sujeito concreto e seus processos
singulares, pois sua busca não é pelos universais e sim pelas construções
singulares de cada pessoa. Não é intenção da teoria da subjetividade a
construção de rótulos, mas a provocação do psicoterapeuta para que a pessoa
possa advir sujeito de sua condição psíquica em seu contexto social e cultural
concreto.
Referências
consideradas:
GONZÁLEZ
REY, F. L. Epistemología cualitativa y subjetividade. São Paulo: EDUC,
1997.
GONZÁLEZ
REY, F. L. Sujeito e Subjetividade:
uma aproximação histórico-cultural. São Paulo: Thomson. 2005.
GONZÁLEZ
REY, F. L. Psicoterapia, subjetividade e
pós-modernidade: uma aproximação histórico-cultural. São Paulo: Thomson,
2007.
GONZÁLEZ
REY, F. L. El sujeto y la subjetividad
en la psicología social: un enfoque histórico-cultural. Buenos Aires:
NOVEDUC, 2011.