Minha razão

Olá!!
Criei esse espaço para postar subjetivações subjetivantes do sujeito que sou!
Filosofia, psicologia, educação.

terça-feira, 4 de maio de 2021

Um Universo Holográfico

 Proporcionalismo - a tríade ou o triângulo. Notas do curso ministrado por W. de Gregori em Brasília, em 24 de abril de 1998. Hoje, 23 anos depois, digito e edito a partir da maturidade alcançada nessas décadas passadas, arquivando um saber curioso e instigante.

Apesar de sermos históricos, cada um de nós deve se compreender como um espaço infinito.

Nosso país é um país de loucos onde ninguém sabe o que está fazendo. Sempre foi assim, e irá continuar, caso não apliquemos o saber do proporcionalismo triádico. E assim é também com o planeta e a humanidade. Estamos perdidos, desorientados, sem poder compreender qual o rumo tomar para resolver nossas questões ecológicas e sociais. Somos seres interdependentes e vibramos todos na mesma lei triádica. As situações são poliádicas, na verdade, mas podemos levar ao 3 para compreender e operacionalizar melhor o viver, o ser, o fazer, o estar, o ter e o haver.

Esse olhar sobre o universo chama-se "o olhar triádico". Cada vez que olharmos alguém ou algo devemos buscar os três elementos da triádica. Conhecemos o monádico, o diádico e aqui apresento o triádico do saber, do ser e do fazer, três dimensões indispensáveis ao viver humano.

O três (3) organiza o espaço e a história. O triádico leva à negociação. A triádica está em religiões, na psicologia, na filosofia e também na ciência física e sua organização elementar (positivo, negativo e neutro). A existência se manifesta em, no mínimo, 3 elementos: o masculino, o feminino e o encontro entre eles (o terceiro incluído). Assim se dá a vida, assim multiplicam-se as espécies complexas.

Temos que avaliar se um saber é bom para a humanidade como um todo. Se é bom só para uma parte, melhor desprezar esse saber. No caso específico da triádica temos uma nova ética, pois propõe-se regras que regulam a convivência humana a partir da proporcionalidade. Sempre tem que haver o discordante, pois assim teremos movimento. A proposta não é monádica, de totalização, mas triádica, de proporção, complementariedade e interdependência. Nesse sentido temos aqui um saber que é bom para o Todo.

Essa proporcionalidade está pautada no poder de três cérebros: o reptiliano animal, o límbico emocional e o córtex racional. Podemos compreender a triádica cerebral também em três grandes centros: o hemisfério esquerdo e a inteligência investigadora; o hemisfério direito e a inteligência espacial e o cérebro basal com sua inteligência operativa. São três distintas maneiras de ver o mundo e quando não há proporcionalismo uma opera por dominação, excluindo as outras. Nossa mente pode estar fixada (ou aprisionada) em qualquer um dos três cérebros e a introdução ao nosso autoconhecimento, à nossa auto pesquisa, começa aqui, na conscientização de nossa dinâmica tripartite. Auto educar-se é cultivar os três cérebros e trabalhar no ciclo mental que se forma pela unidade dos três, afinal, somos uma unidade corpo-mente composta por três cérebros.

Nosso drama está vinculado ao difícil jogo de articulação e proporcionalidade entre três instâncias. Assim temos: a luta entre os fortes, os médios e os fracos; a disputa entre os conservadores, os moderados e os revolucionários progressistas; a desarmonia entre os ateus, os religiosos e os materialistas; a luta entre proletários, donos do capital e executivos comissionados. Para isso precisamos criar propostas diferenciadas que possam nos repolitizar e reorganizar nossas dinâmicas sociais e pessoais.

A harmonização social, política e econômica deve prever o jogo entre três grupos: o oficial, o anti-oficial e o oscilante. O oficial é o central e administra. Tem 15% da parcela do Todo. O anti-oficial é o que debate, provoca, instiga e discute as dinâmicas. Tem 5% da parcela do Todo. O oscilante não se envolve na discussão e representa 80% do Todo. 

Cada um desses subgrupos pode ser POSITIVO ou NEGATIVO. É positivo quando é proporcional e se preocupa com os outros. É negativo quando se preocupa só consigo mesmo. Se o oficial é positivo o oscilante está bem. Se o oficial é negativo o oscilante está condenado e com isso o sistema como um todo. A eliminação do oscilante leva ao "ponto de estouro", ou seja, a entropia do sistema. O oscilante é o ponto crítico que leva ao proporcionalismo ou ao caos. Se o oscilante é negativo o sistema está em perigo, pois ele vai pender para qualquer caminho que conduza ao seu próprio bem, salvando só a "sua pele". Se faz isso é por ser inconsciente de sua parte no Todo e da própria percepção de que existe um todo maior que a soma das partes. O anti-oficial precisa necessariamente ser positivo, pois sua ação de provocação e crítica estará destinada à melhoria do todo. As dinâmicas precisam ser avaliadas sempre no sentido de serem benéficas para todos ou não, ou seja, benéficas só para alguns. Uma democracia só se manifesta quando existe espaço para os três grupos em proporcionalidade e positividade. O estudo das ciências humanas, tais como história ou geografia, precisam ser trabalhados no jogo triádico dos três grupos: oficial (que está no poder administrando), o anti-oficial (que está no antagonismo instigando) e o oscilante (que está oscilando e confiando à vida um movimento de desenvolvimento), sendo todos os três avaliados em positivo (anatropia) e negativo (entropia).

Na visão triádica do sistema não existe culpado, pois todos somos responsáveis pela devastação ou manutenção. Todos somos proporcionalmente responsáveis, todos somos  proporcionalmente culpados.

Na visão triádica da pessoa temos três personagens que competem pelo poder, hora levando um entendimento à vida, hora levando a outro. Ou viramos materialistas, ou ficamos emocionados e imaginativos ou então ficamos racionalistas e lógicos. Colocar esses três em dinâmica proporcional é o caminho para avançar e estar em paz consigo e com a vida.