Um cérebro ruidoso é um cérebro que perdeu um sistema importante de centramento proprioceptivo e escuta os múltiplos outros sinais de todo o resto como um barulho em que fica difícil discernir.
Um cérebro ruidoso ouve pilhas de conexões sendo acionadas desarmonicamente.
O coletivo humano, como cérebro, produz pilhas e pilhas de informação e existe uma despercepção de um caminho de Todo importante, o que vai levar o sistema a algum tipo de colapso - uma entropia!
O sentido de "cérebro ruidoso" (DOIDGE, p.148) veio de uma mente ruidosa que produziu um sentido subjetivo de "ruído". Esse sentido de "ruído" em sua mente ruidosa refletia o que acontecia em seus circuitos nervosos: o sistema afetado não produzia sinais fortes o suficiente para encobrir ou "enfrentar o ruído de fundo de todos os outros sinais nervosos disparados pelo cérebro".
Ruído, de acordo com Doidge, é um termo da engenharia que se refere ao que acontece num sistema quando não reconhece sinais normais por serem fracos demais, em comparação com o "ruído" de fundo.
Nossos sinais naturais estão perdendo a força para sinais artificiais. E estamos processando muitas e muitas informações e isso tira ainda mais o foco das informações importantes e necessárias.
As informações importantes são àquelas ligadas ao ser e seu viver. Dormir, respirar, alimentar-se, beber, cobrir-se ao frio e refrescar-se ao quente. Encontrar-se e reproduzir a vida.
Essas informações estão automatizadas demais, sendo consideradas meras formas de manter a máquina funcionando.
E isso leva o coletivo a agir como um cérebro ruidoso, que, de tanta função de estar no mundo, não ouve mais os sinais de suas funções de ser.
A linguagem que criamos, a comunicação que aperfeiçoamos, as estratégias tecnológicas que desenvolvemos ... tudo está ao serviço de uma grande máquina mecânica, de um grande macro, que precisa ser reprogramado para que o colapso não seja tamanho que acabe por levar junto o planeta Terra, o mais orgânico que temos.
O cérebro coletivo está ruidoso. Com muito barulho de fundo e sem conseguir distinguir importantes sons e frequências, que estão enfraquecidos.
Eu já sou um neurônio desse grande cérebro que está trabalhando para ajudar a retirar-nos do "ruidoso".
E você?
Referência: Norman Doidge, O cérebro que cura, Editora Record, 2016.