Minha razão

Olá!!
Criei esse espaço para postar subjetivações subjetivantes do sujeito que sou!
Filosofia, psicologia, educação.

terça-feira, 30 de novembro de 2021

O chicote

O chicote tem que ser preciso, certo. Chicote confuso não ajuda!

E é o que mais tem!

O chicote dá o limite, e dar limite é uma arte.

Precisamos do chicote, mas precisamos saber bem usar.

O chicote começa de pequeno, daí depois eu consigo me auto chicotear.

Avalie agora seu auto chicoteio em sua vida de adulte. Essa avaliação vai te dar uma medida importante. Essa medida vai te ajudar a compreender a medida a ser usada em pequenos.

Converse com o chicote. Ele fala mais de uma língua. 



segunda-feira, 25 de outubro de 2021

E tudo é aprendizagem ...

Os dons da plasticidade nos permitem adaptação a uma ampla gama de ambientes. E tudo se produz via aprendizagem.

Nosso cérebro não é algo "preso às estruturas", pois ele é dinâmico, cria a si mesmo e cria a realidade. Foi essa capacidade de se modificar que permitiu avançarmos no tempo e no espaço, fazendo cultura e fazendo a história que nos modifica. A cultura agiu no cérebro, que agiu na cultura em movimento dialógico. Por ser cerebral, é biológico, mas, por ser cultural e histórico, é também subjetivo.

Quando uma criança aprende a falar ela recapitula o processo filogenético da espécie. Da mesma forma, quando aprender a ler. Nessa dinâmica de transformação neural a criança refaz o percurso que a humanidade fez até aprender a ler e também escrever. Começa nos 35 mil anos passados (ou mais) dos primeiros registros rupestres, algo que remonta a existência de umas 580 gerações, em estimativa livre. Nesses avanços culturais começamos a integrar sistemas motores e visuais. Daí passamos aos hieróglifos, ainda ligando imagem e significado. Os hieróglifos são formas de representação que usam figuras para designar objetos. Daí passamos ao alfabeto fonético e isso é um grande avanço, pois integramos sistemas visuais, motores, de representação e sentido e também o auditivo. E um sistema altamente complexo que nos possibilita ler e escrever e que foram necessários milhares de anos para desenvolver.

E esses três sistemas básicos, que são o auditivo, o visual e o cinestésico (do movimento), proporcionam a emergência de um outro sentido, o da propriocepção. Nossas linguagens integram sistemas corticais de imagens, sons, representações, memórias, signos e significados. Somos portadores das chamadas funções psíquicas superiores por um processo filogenético que levou longo tempo para se organizar. Somos hoje representativos e proprioceptivos como resultado de um caminhar pelo planeta ao longo de muitos e muitos anos.

As partes integradas geram um todo maior e, portanto, o paradigma que nos auxilia a compreender nossa biologia é o da complexidade. O sentido de partes e todo, de caos e ordem e, de redes integradas são os pressupostos que sustentam a compreensão de nossa multissensorialidade.

O cérebro é um órgão que se modificou e o nosso não é igual ao de nossos ancestrais e antepassados. Essas mudanças derivam da cultura. Da mesma forma, todas as espécies vivas possuem sistema nervoso neuroplástico. O que vai nos diferenciar de outras espécies antropoides é a quantidade de neurônios que temos, que é maior do que alguns símios. Isso é o que faz grande diferença na hora de produzir cultura e linguagem.

E para nossas crianças a cultura passa a ser uma segunda natureza, marcando profundamente a sua configuração cerebral. É por isso que muitas vezes aprender um segundo idioma torna-se algo tão difícil. Estar em outra cultura será sempre um "choque cerebral". Mudar de país sempre vai resultar em algum tipo de traumatização em tecidos cerebrais, merecendo cuidados e atenção neuroplástica.

Tudo é aprendizagem e tudo é também ação. Quanto menos faço algo, menos quero fazer. Se estacionei e não quero mais desenvolver, não mais desenvolverei. Da mesma forma, quanto mais faço, mais sinto vontade de fazer. Quanto mais aprendo, mais tenho energia e vontade para aprender. Esse é o princípio do use ou perca, uma das leis da neuroplasticidade e considerar isso é vital para ajudar pessoas que não conseguem avançar e desenvolver.

No caso de nossas obsessões, de nossos transtornos compulsivos, aprendemos a travar nosso cérebro e ficamos com muita dificuldade de avançar, de virar a página e continuar o enredo. Ficamos parados em um ponto. Para conseguir virar a página precisamos nos conscientizar: "sim, eu tenho um problema, mas não é o evento e sim a forma como o evento está configurado em minha programação". Em outras palavras, precisamos agir na forma e não no conteúdo da questão. Jogar a pessoa no conteúdo (tenho medo de avião, fechei a porta da casa? ou minha família é tensionante) não ajuda a mudar o processo. Precisamos trabalhar na forma, que seria afirmar-se "sim, tenho um problema, mas não é minha família, é só minha obsessão". Com o tempo vou observando os efeitos do conflito (medo de avião) e vou me afastando deles (isso não sou eu, é só uma parte de mim mesmo que eu posso alterar). Quanto mais foco no conteúdo (minha família é um estresse e é feita por pessoas desreguladas), mais eu aumento o problema em termos de assembleias neuronais, mais eu recruto neurônios para sustentar essa questão. Existe sim uma forma universal de transtorno obsessivo compulsivo (pensamentos ansiosos e impulsos que invadem a consciência), mas os conteúdos são singulares (será mesmo que fechei a porta da casa? Vou voltar e conferir!).

Portanto o melhor é não mergulhar os pacientes nos conteúdos e sim no exercício de desmontar a armadilha. Precisamos trabalhar na forma, trabalhar nos defeitos fazendo algo para mudar a marcha. manualmente. O sujeito da ação é que tem a capacidade de usar o córtex para refocalizar e trabalhar no pensamento concentrado, buscando também as ações diferenciadas e suficientemente boas para liberar a dopamina necessária para firmar o novo comportamento e fazer com que o cérebro o busque mais e mais. E isso requer treino cotidiano. Não adianta querer mudar e não praticar a mudança. Precisa de ação concreta periódica, com tempo de pelo menos 30 minutos a cada vez.

Isso é resultado de aprendizagem, ou seja, aprender um novo jeito de ser. Quanto mais cristalizado um Eu doente, mas persistência, compromisso e ação essencial são necessários para alterar seus próprios mapas cerebrais.

A cura neuroplástica

O que vou escrever aqui e agora é um resumo do capítulo 03 da livro O cérebro que cura, de Norman Doidge, da edição de 2016, 1a. edição da Editora Record. Comecei meus estudos com esse autor em 2017, mas Doidge lançou seus trabalhos pelo menos dez anos antes disso. Eu louvo seu trabalho e muito o agradeço. Esse autor entra para a minha história como uma de minhas importantes referências. Em respeito ao seu saber, resumo aqui aos interessados sua tese central, aquilo que encontrei de mais preciso sobre a sua própria criação ao estar cercado por tantos seres criativos, os nossos magos da cura neuroplástica que ele entrevistou, visitou e conviveu.

Neste capítulo 03 Doidge apresenta as etapas da cura neuroplástica, mas antes lembra  alguns princípios e processos da dinâmica neural.

O cérebro é um órgão vivo, que produz a si mesmo o tempo todo, que está em processo ininterruptamente e que adora crescer e se transformar. Por não sabermos disso, acabamos atrofiando esse órgão tão poderoso. E como eu sei que esse saber pode levar nossa espécie a um desvio dramático em seu curso, quero aqui compartilhar esse conhecimento. Ainda temos tempo para tomar um rumo muito mais saudável e satisfatório como vida e espécie e esse saber só nas mãos dos dominadores nos tornará mais e mais prisioneiros das políticas errôneas e desastrosas.

Primeiro precisamos considerar as questões de funcionamento neural. Podemos usar a mente para fortalecer circuitos neurais específicos em partes do cérebro envolvidas no ATO PRESENTE. A plasticidade competitiva e a reprogramação cerebral participam desse exercício. Caminhar muito conscientemente e colocar muita atenção no que faz no momento presente ajuda que neurônios que estão destinados a sustentar dores ou neuroses possam ser "sequestrados" para saúde e bem estar.

Segundo, todos precisam saber que ativar o corpo melhora a função celular geral de neurônios e células gliais. O neurônio é o que participa das funções de neurotransmissão e as glias são as células responsáveis por manutenção, desintoxicação, proteção, geração de células novas, reprogramações e outra infinidade de funções que nem podemos imaginar. Mover-se e ativar-se desencadeia FATORES DE CRESCIMENTO NEURAL E GLIAL e melhora muito a circulação cerebral.

Para nos beneficiarmos da nossa capacidade neuroplástica podemos usar estratégias que usam a mente e estratégias que usam o corpo. Ambas proporcionam circulação de energia cerebral. Lembrando que por CEREBRAL precisamos visualizar um sistema que está no corpo todo e não só em sua parte encefálica (dentro da cabeça).

Considerando esse dois "lembretes" básicos, Doidge apresenta três processos gerais que podem ser traduzidos como leis da neuroplasticidade.

A primeira é a do não uso adquirido. Para ilustrar, não uso adquirido é quando uso muito, muito meu lado dominante (escrever com a direita) e todo o meu potencial de usar o lado não dominante fica esquecido por um "não uso adquirido". Esse fenômeno é muito comum em pessoas que tem algum tipo de "lesão cerebral".

A segunda é a do cérebro ruidoso (tema tão importante que tem outro post aqui no blog sobre isso).

Em resumo, o cérebro ruidoso é aquele que tem muitos circuitos atuando em "pano de fundo". E são assembleias de neurônios que poderiam estar sendo recrutados para sistemas mais definidos e que nos poupariam muita energia. Todos temos um cérebro altamente ruidoso em nossa cultural ocidental.

A terceira lei é a das assembleias neuronais. Os neurônios são indivíduos que vivem muito melhor em grupos e, portanto, formam redes (que um dia o humano se veja como um neurônio, amém!). Existem assembleias programadas em nosso cérebro, principalmente no campo cortical, aliando sistemas. E isso funciona por cooptar os próximos, desligar outros próximos, recrutar os distantes, entre outras ações. Um sistema maravilhoso de cooperação, diálogo, construção e re-construção.

O mais dramático de nossa neuroplasticidade é seu caráter paradoxal. Aquilo que é nossa maior benção como ser vivo é nossa maior maldição como espécie. Esquecemos que somos plásticos e nos contentamos com nossas rotinizações cotidianas. Isso nos cristaliza, nos impede, nos vicia e nos aprisiona. Infelizmente!

E as lesões cerebrais são oportunidades de reprogramação neural o tempo todo. Basta ter um sujeito intencionado. E sobre sujeito, bem, o sujeito vocês sabem, é minha tese de doutorado. A neuroplasticidade só reafirma a necessidade da emergência de um sujeito. Ele pode desprogramar as resultantes de uma lesão e como vias de construção de uma lesão cerebral temos: as toxinas, os derrames, as infecções, as terapias de radiação, as pancadas na cabeça e as doenças degenerativas.

A integração mente e cérebro nos indica que temos os processos de longo prazo (os vinculados à estrutura cerebral) e os processos de curto prazo (os vinculados ao ato mental). Um tem efeito sobre o outro, com forma e função integradas e dinâmicas.

Ao compreender essas leis e dinâmicas do sistema nervoso abrimos as portas para o entendimento das etapas da cura neuroplástica. Doidge afirma que essas etapas não são fixas e nem todas necessárias para promover algum tipo de cura. A depender do sujeito e da necessidade, umas etapas são mais cruciais que as outras e em alguns casos todas se fazem presente. Aqui comparecem a circunstância, o território e as configurações. Elas são cinco:

1. CORREÇÃO DAS FUNÇÕES CELULARES GERAIS DOS NEURÕNIOS E DA GLIA.

aspecto ligado ao compromisso pessoal de manter corpo ativo, mente ativa e, principalmente, criativa.

2. NEUROESTIMULAÇÃO

estimulação neural pode se dar por fatores externos (o mundo) e por fatores internos (o sujeito).

3. NEUROMODULAÇÃO

modular via autorregulação, pois os sistemas vivos são autorregulados, ou seja, possuem em si seus próprios recursos para a construção da saúde e da enfermidade.

4. NEURORELAXAMENTO

sistema sob tensão é sistema com falhas. Dormir é nosso melhor momento de neurorelaxamento, pois é a hora em que a Glia mais trabalha nas desintoxicações. Sistema Nervoso Autônomo e Sistema de Ativação Reticular desregulados deixam o todo cerebral em tensão. Para curar, muitas vezes, é necessário começar por aqui.

5. NEURODIFERENCIAÇÃO

Saber usar a maravilhosa capacidade de diferenciação das células nervosas é nosso maior benefício no caminho da cura. Célula de coração será sempre célula de coração, célula de pulmão também. Célula de músculo, célula de osso até são células vivas, mas a capacidade de diferenciação é algo inerente ao ser célula de sistema nervoso. O que era destinado ao ver pode ser destinado ao ouvir, o que está destinado ao pensar pode ser cooptado pelo sentir. Usar a intenção consciente para ajudar um neurônio a se diferenciar é uma das possibilidades mais incríveis da vida.

Espero que esse texto possa ajudar aos muitos de nós que precisam de cura.

Estou ao dispor para dialogar, ampliar esse estudo e contribuir com o aprimoramento de nossa espécie tão imbecilizada pelos momentos históricos atuais.



quinta-feira, 21 de outubro de 2021

A balança

Buracos Negros e explosão de galáxias

Entropia e Neguentropia

Contração e expansão

Destruição e criação

Hilotrópico e holotrópico

Inconsciente e consciente

Irracional e racional

Aqui em nosso mundo ocorrem as duas possibilidades.

Hora uma sendo oficial e outra sendo anti-oficial

E nos meio das duas a massa oscilante.

Melhor posicionar-se logo e deixar de ser oscilante junto com a massa.

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Unidade Planetária

Eu trabalho pela unidade planetária. Um dos trabalhos mais árduos que existe, pois é construir a unidade na diversidade.

Mas precisamos desenvolver consciência de unidade planetária e está passando da hora. Só com essa consciência será possível avançar como espécie e como vida. Já compreendemos que podemos criar e descriar vida. Agora precisamos compreender que criamos e descriamos consciência.

A vivência que tive para compreender isso foi: me percebi em um lugar absolutamente fechado, sem saída e encontrei a saída para dentro. Quando em um lugar opressor no externo, fuja para o interno. Eu me vejo em uma sala fechada, com todas as portas trancadas ou mesmo sem nenhuma porta. Para onde posso ir?

Esse trabalho é pequeno e grande ao mesmo tempo. Quantas mais pessoas estiverem compreendendo o sentido da unidade planetária, mais rápido alcançamos a consciência de unidade planetária. Um planeta em unidade planetária é um planeta liberto. Tudo é possível nele acontecer. Ele fica grande, mas começa no pequeno. Não tem outra via de acontecer.

Estou falando de percepções de sistemas. Eu trabalho com organização e harmonização de sistemas. Com pessoas, casais, famílias ou grupos, o trabalho tem o mesmo sentido, seja em qual dimensão estou falando. E é um caminho por etapas. Eu faço o segundo depois de ter feito o primeiro. Não existem atalhos.

O primeiro passo disso tudo é eu ter feito em mim, em pensamento e ato, o sentido de vida em unidade. Meu trabalho é ajudar as pessoas no processo de transformação de si organizando nossa multidimensionalidade em quatro quadrantes. A partir dessa pedagogia vamos trabalhando um a um, possibilitando que os mais saudáveis ajudem aos mais enfermos. E eu conto com a ajuda de um quadrante que está sempre saudável e sempre querendo que os outros 3 (mergulhados em conflito e crise) fiquem bem e harmônicos.

Posso falar mais sobre isso, se quiserem saber. Mas posso indicar nosso livro também: A Biocibernética Bucal em Verso e Prosa. Aqui aparecem algumas indicações teóricas sobre a quadridimensionalidade: altura, largura, profundidade e tempo. Reino mineral, reino vegetal, reino animal e reino humano. Biologia, emoção, pensamento e consciência. Reptiliano, Límbico, Cortical e Sistema Diencefálico.

Minha unidade planetária ajuda na consolidação da unidade planetária da Terra, a nossa nave-mãe.


terça-feira, 4 de maio de 2021

Um Universo Holográfico

 Proporcionalismo - a tríade ou o triângulo. Notas do curso ministrado por W. de Gregori em Brasília, em 24 de abril de 1998. Hoje, 23 anos depois, digito e edito a partir da maturidade alcançada nessas décadas passadas, arquivando um saber curioso e instigante.

Apesar de sermos históricos, cada um de nós deve se compreender como um espaço infinito.

Nosso país é um país de loucos onde ninguém sabe o que está fazendo. Sempre foi assim, e irá continuar, caso não apliquemos o saber do proporcionalismo triádico. E assim é também com o planeta e a humanidade. Estamos perdidos, desorientados, sem poder compreender qual o rumo tomar para resolver nossas questões ecológicas e sociais. Somos seres interdependentes e vibramos todos na mesma lei triádica. As situações são poliádicas, na verdade, mas podemos levar ao 3 para compreender e operacionalizar melhor o viver, o ser, o fazer, o estar, o ter e o haver.

Esse olhar sobre o universo chama-se "o olhar triádico". Cada vez que olharmos alguém ou algo devemos buscar os três elementos da triádica. Conhecemos o monádico, o diádico e aqui apresento o triádico do saber, do ser e do fazer, três dimensões indispensáveis ao viver humano.

O três (3) organiza o espaço e a história. O triádico leva à negociação. A triádica está em religiões, na psicologia, na filosofia e também na ciência física e sua organização elementar (positivo, negativo e neutro). A existência se manifesta em, no mínimo, 3 elementos: o masculino, o feminino e o encontro entre eles (o terceiro incluído). Assim se dá a vida, assim multiplicam-se as espécies complexas.

Temos que avaliar se um saber é bom para a humanidade como um todo. Se é bom só para uma parte, melhor desprezar esse saber. No caso específico da triádica temos uma nova ética, pois propõe-se regras que regulam a convivência humana a partir da proporcionalidade. Sempre tem que haver o discordante, pois assim teremos movimento. A proposta não é monádica, de totalização, mas triádica, de proporção, complementariedade e interdependência. Nesse sentido temos aqui um saber que é bom para o Todo.

Essa proporcionalidade está pautada no poder de três cérebros: o reptiliano animal, o límbico emocional e o córtex racional. Podemos compreender a triádica cerebral também em três grandes centros: o hemisfério esquerdo e a inteligência investigadora; o hemisfério direito e a inteligência espacial e o cérebro basal com sua inteligência operativa. São três distintas maneiras de ver o mundo e quando não há proporcionalismo uma opera por dominação, excluindo as outras. Nossa mente pode estar fixada (ou aprisionada) em qualquer um dos três cérebros e a introdução ao nosso autoconhecimento, à nossa auto pesquisa, começa aqui, na conscientização de nossa dinâmica tripartite. Auto educar-se é cultivar os três cérebros e trabalhar no ciclo mental que se forma pela unidade dos três, afinal, somos uma unidade corpo-mente composta por três cérebros.

Nosso drama está vinculado ao difícil jogo de articulação e proporcionalidade entre três instâncias. Assim temos: a luta entre os fortes, os médios e os fracos; a disputa entre os conservadores, os moderados e os revolucionários progressistas; a desarmonia entre os ateus, os religiosos e os materialistas; a luta entre proletários, donos do capital e executivos comissionados. Para isso precisamos criar propostas diferenciadas que possam nos repolitizar e reorganizar nossas dinâmicas sociais e pessoais.

A harmonização social, política e econômica deve prever o jogo entre três grupos: o oficial, o anti-oficial e o oscilante. O oficial é o central e administra. Tem 15% da parcela do Todo. O anti-oficial é o que debate, provoca, instiga e discute as dinâmicas. Tem 5% da parcela do Todo. O oscilante não se envolve na discussão e representa 80% do Todo. 

Cada um desses subgrupos pode ser POSITIVO ou NEGATIVO. É positivo quando é proporcional e se preocupa com os outros. É negativo quando se preocupa só consigo mesmo. Se o oficial é positivo o oscilante está bem. Se o oficial é negativo o oscilante está condenado e com isso o sistema como um todo. A eliminação do oscilante leva ao "ponto de estouro", ou seja, a entropia do sistema. O oscilante é o ponto crítico que leva ao proporcionalismo ou ao caos. Se o oscilante é negativo o sistema está em perigo, pois ele vai pender para qualquer caminho que conduza ao seu próprio bem, salvando só a "sua pele". Se faz isso é por ser inconsciente de sua parte no Todo e da própria percepção de que existe um todo maior que a soma das partes. O anti-oficial precisa necessariamente ser positivo, pois sua ação de provocação e crítica estará destinada à melhoria do todo. As dinâmicas precisam ser avaliadas sempre no sentido de serem benéficas para todos ou não, ou seja, benéficas só para alguns. Uma democracia só se manifesta quando existe espaço para os três grupos em proporcionalidade e positividade. O estudo das ciências humanas, tais como história ou geografia, precisam ser trabalhados no jogo triádico dos três grupos: oficial (que está no poder administrando), o anti-oficial (que está no antagonismo instigando) e o oscilante (que está oscilando e confiando à vida um movimento de desenvolvimento), sendo todos os três avaliados em positivo (anatropia) e negativo (entropia).

Na visão triádica do sistema não existe culpado, pois todos somos responsáveis pela devastação ou manutenção. Todos somos proporcionalmente responsáveis, todos somos  proporcionalmente culpados.

Na visão triádica da pessoa temos três personagens que competem pelo poder, hora levando um entendimento à vida, hora levando a outro. Ou viramos materialistas, ou ficamos emocionados e imaginativos ou então ficamos racionalistas e lógicos. Colocar esses três em dinâmica proporcional é o caminho para avançar e estar em paz consigo e com a vida. 



terça-feira, 20 de abril de 2021

Brincando com as emoções

Nosso campo de trabalho é a zona de conflito. Pessoas que estão em conflito e tensas nos procuram e nós tentamos ajudar na resolução e na liberação da tensão. Quando ocorre liberação genuína há transformação e, em geral, o conflito se resolve.

Para chegar nesse ponto onde o fluxo ficou impedido, precisamos conjugar os corpos: o que sente, o que sensoria e o que raciocina. Uma boa forma de conseguir isso é pela metáfora, pela criatividade e pela abstração. Em geral precisamos transitar pelas áreas que integram o que vejo, o que escuto e o que eu toco. Muitas vezes entra também o movimento, a cinestesia, um gesto, uma postura. Para alcançarmos essa integração propomos vivências.

Tenho brincado com as emoções integrando imagens, sons e posturas, afinal, meu trabalho é no cruzamento entre a visão, a audição e o tato, considerando esse último integrado com o movimento e a postura,

Assim, brincando, associo a raiva com o fogo que queima, a tristeza com a água que lava, a alegria como o vento que inspira e leva e o amor com a terra que sustenta, nutre e acolhe. A partir daí ajudo a pessoa a expressar, sentir e liberar. Solicito que sinta a temperatura do fogo, da água, do vento e da terra. Que olhe suas cores, que sintam seus sabores, cheiros e escutem seus sons. E aí encontre o seu ser aí no mundo.

Resgatar a expressividade por meio da brincadeira tem sido muito proveitoso nos trabalhos de desenvolvimento humano. Chegar nos traumas com paciência, delicadeza e cuidado, conduzindo a pessoa por vias amorosas e alegres ajuda a chegar nas emoções mais dramáticas e marcantes, tais como a dor e o medo. Me aproximo do fóbico, toco nele e ele se dissolve produzindo novos recursos e possibilidades.

A terapia é um lugar de encontro, onde um conduz o outro pelos labirintos do inconsciente, ajudando a resgatar o que temos de bom e que está oculto, camuflado ou impedido. Fazemos isso brincando com as emoções.

sábado, 2 de janeiro de 2021

A base de minha formação

Quero agradecer e honrar minha mestra e meus mestres. Apresento, respeitando a ordem de chegada em minha vida e dispostos em sentido horário, o chileno Doro Ortiz, o brasileiro Mário Baldani, a argentina Maria Adela Palcos e o cubano Fernando González Rey. (*as fotos eu consegui dando um google imagem no nome de cada um. Agradeço aos parceiros de caminhada que compartilham essas imagens na rede mundial).

Juntas, essas pessoas conjugaram em mim um saber latino-americano que nos brinda com incríveis vias, bastante acessíveis, de compreensão e transformação do mundo que vivemos.

Do Doro trago toda a minha base psicanalítica com seus desdobramentos em Jung e Reich. Também aprendi com ele a Gestal-terapia. Trago também desse mestre a compreensão da quadrinidade, carro chefe pedagógico do atendimento clínico que faço. Foi meu primeiro professor e o responsável pela minha base mais sólida.

De Baldani trago todo o saber da biocibernética (o complemento "bucal" deixo para meu companheiro de vida, Saulo Teles). Sou grata por viver a oportunidade de transformar esse saber em textos escritos e em pessoas formadas. Com muitos passos por esse caminho biociberneta abri muitos espaços. O mais legal do Mário é que ele não nos entregava o saber pronto e definido e é dele que trago o afã de saber sempre e mais. A forma que ele nos passava o saber foi embora com ele, pois Mário foi único. Imensa sorte tê-lo encontrado.

De Maria Adela trago a certeza de que o movimento cura e de que os opostos nos aprisionam quando demasiadamente tensionados e compartimentalizados. Trago a compreensão da harmonização do todo pelo seu alinhamento. Desse grupo de professores só Maria Adela está viva hoje. Eu planejava estar com ela na Cordilheira em 2020 e a circunstância de pandemia tornou nosso reencontro mágico, transformando toda a possibilidade de vivência com o seu trabalho e o grupo se fez ao seu redor. O Rio Aberto por Maria Adela é meu profundo espaço de cura. Canto e danço e danço e canto e rodo e fluo. A imagem é da Maria Adela que conheci em 1992 e que me graduou em 1997, pois ainda é assim que ela reverbera, mesmo que hoje ela esteja com quase 90 anos. Seu corpo físico é conduzido por seu corpo de luz, tenho certeza disso.

Do Fernando trago meu saber mais primoroso para a saúde e a educação, que é o entendimento da subjetividade. Esse saber transformou minha confiança em atuar na clínica, no desenvolvimento e na formação de pessoas. Com ele consegui vir a ser doutora. Ele foi o professor amigo, não o professor autoridade. Ele tentou assumir uma autoridade e, então, nós brigamos. É muito difícil um aluno vir a ser autor com um professor autoridade. O processo fica mais doloroso. Por isso te guardo em meu coração, Fernando, como o meu mais professor amigo. Contigo eu perdi muito o meu medo dos mestres e das autoridades. Nós demos certo como parceiros e assim vou te carregar pela minha vida: um grande parceiro.

Tudo o que essas pessoas me ensinaram eu escrevo em meu blog desde 2011, sitio que faz aniversário de 10 anos agora em 2021. É  aqui que, a partir de minha academicista, de minha poeta, de minha escritora, compartilho todo esse saber, que se re-atualiza sempre.

Com essas pessoas aprendi que é importante ter discurso, mas que se eu não tiver a prática, o discurso não se sustentará. E que a prática constante flexibiliza o discurso e o transforma.

Tive também outros mestres, todos significativos. Aquelas e aqueles que me ensinaram psicologia, terapia craniossacral, organização de coletivos, educação ambiental, ecologia e transpessoalidade. Entretanto, esses quatro sustentam aquilo que defendi em meu doutorado: aprender em si mesmo. Em outras palavras, a produção de sentido do sujeito do conhecer e aprender.

Estou ao dispor para aquelas e aqueles que queiram conhecer um pouco mais desse saber em si mesmo. Essa tem sido minha modalidade pedagógica e terapêutica.

Comunico que entro 2021 com os atendimentos online e que estou somando ao saber conquistado com esses mestres a biodecodificação prática de C. Flèche, formação em andamento.

E pretendo firmar os atendimentos em grupo junto com uma equipe que passou o ano da pandemia firme e reunida em trabalhos de autoconhecimento, estudos teóricos e supervisão. Grupo, galera, pra funcionar mesmo, só em grupo!! :)

É um prazer compartilhar isso com vocês agora, nesse segundo dia de 2021, dia 02.01.2021.

Que venha, então, mais um ano de nossas vidas.