Minha razão

Olá!!
Criei esse espaço para postar subjetivações subjetivantes do sujeito que sou!
Filosofia, psicologia, educação.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Vamos falar sobre códigos

       Por sermos seres simbólicos, passamos nossos momentos de vida lidando com códigos. Códigos produzidos e códigos decodificados. Alguns são instituições cuja origem está perdida no tempo e no espaço. Ícones inacessíveis à interpretação fácil. Outros são cotidianos, quase banais. Mas todos são códigos.
       Lendo o livro "O temor do sábio", de Patrick Rothfuss (Ed. Arqueiro), encontro um exemplo didático maravilhoso do que é a comunicação e a produção de símbolos que a possibilitam. Um jovem de uma tribo encontra uma nação absolutamente diferente da sua (e de outras que tenha transitado) em termos de modo de vida, visão de mundo e produção de símbolos. E para ele, que quer aprender a arte poderosa dessa nação, é um grande desafio cada novo passo de sua aprendizagem.
     O herói da história vem de um mundo com muitas palavras e múltiplos significados rasos. A nação que visita usa de uma linguagem gestual, poucas palavras e configurações muito diferentes de moral e de usos e costumes. O sentido de vida, coletividade, sexo, gênero para essa nação é completamente novo por ser muito distinto de tudo o que ele aprendeu em sua vida, ainda que tenha tido uma vida de trânsito por diversas outras localidades.
       Lendo o livro, e admirando a maestria do autor na construção dessas linguagens, lembro das aulas de Psicologia Social II sobre esse tema e lembro de tudo o que aprendi com Mario Baldani e que materializei no livro "A Biocibernética Bucal em verso e prosa". Quando falo de produção e decodificação de símbolos preciso falar de biocibernética, ou seja, os múltiplos códigos biológicos que traduzem o sentido da vida. O que defende essa ideia é que nosso viver é pautado na decodificação de códigos, que começa pelos códigos da vida (da lógica da vida, ou bio-lógica) e continua pelos códigos culturais (da lógica do humano antropomórfico social).
       Ao longo da história criamos os códigos que conduzem o nosso viver. No caso do personagem do livro, aprender uma arte significava ter que inserir-se em códigos diversos, que demandavam nova postura, novo entendimento, novas ações.
      O fato de sermos simbólicos faz com que nossa sobrevivência dependa da capacidade de decodificação de códigos socialmente construídos. Hoje, o comunicar acontece por vias distintas das vias de nossos avôs e avós. Isso representa os novos modos de subjetivação possíveis ao humano. Falar sobre códigos é perceber que sentidos e significados permeiam o nosso viver.
      Ao falar de biocibernética estamos falando de uma linguagem codificada em arranjos (bio)químicos, que dialogam com outros arranjos (bio)químicos, diferenciando-se nas mais diversas formas do viver. Uma linguagem sagaz e poderosa, pois se assim não fosse, uma mórula não saberia por quais caminhos seguir e não haveria a diferenciação, em meu entender, o momento mais mágico e inexplicável da vida.
       Cada unidade do todo, de posse de sua inteligência autopoiética, tomo rumo na construção do diverso, fazendo com isso que seja possível a vida com os mistérios de seus desdobramentos. Isso é falar de códigos.
       

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