Minha razão

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Filosofia, psicologia, educação.

sábado, 21 de maio de 2016

Da Bio-cibernética ao Eco-lógico

       O termo biocibernética tem um grande valor, mas ele entrou em campos de muitos questionamentos e invalidações. É possível falar que o século XX foi um tempo de revoluções paradigmáticas. Esse século marcou a movimentação do pêndulo da mecanicidade à complexidade, passando pela construção da biocibernética, que sendo questionada, pode ser compreendida como ecológica.
       Nas vias de compreensão do humano, da vida e do universo como um todo, a humanidade elaborou estratégias de explicação que variam de um ponto de máxima concretude, chegando à máxima abstração. Quem somos nós? Entre extremos podemos dizer: ou somos a matéria, ou somos a energia. Ou somos os neurônios, ou somos os pensamentos. Ou somos os hormônios, ou somos as emoções. Se somos um lado da moeda, não somos o outro. Todavia, essa polarização, muitas vezes compreendida em dicotomia, está sendo suplantada pela percepção da unidade na diversidade. 
       O modelo moderno de pensamento científico e filosófico participou com força neste século fazendo o papel de verdade inquestionável e absoluta, marginalizando as vias mais singelas e coerentes do ser estar no mundo. As vias do pensamento moderno nos levou a valorizar mais o material, o efêmero, a padronização e universalização, a alienação, a disciplinarização, entre tantas outras, abandonando o outro lado da mesma moeda, que agora urge em se manifestar.
       Nos rumos de uma compreensão mais sistêmica, forjou-se a noção de uma biocibernética, que seria o movimento da vida para se auto-regular e, assim, perpetuar a si mesma. Na linguagem das retroalimentações, numa cibernética informacional, a vida dialoga consigo mesma na sua diversidade, e se aperfeiçoa para chegar a ter consciência, para daí poder pensar sobre si mesma.
       Essa linguagem atendeu por um tempo alguns dos inquietos pensadores da vida, tentando traduzir em unidade o corpo físico que foi compartimentalizado pela ciência positivista e mecanicista. Na procura por compreender que todas as partes estão ligadas, configurando sua harmonia de todo, a possibilidade de pensar um processo unitário que conjuga, inclusive, a filogênese e a ontogênese, o conceito de biocibernética marcou um lugar. Compreendendo que a vida se faz por codificação e de-codificação, creditou-se à biocibernética o entendimento da vida e suas manifestações.
      As críticas e recusas, mestras das revisões e avanços em termos do pensamento humano, convidou os sentidos a serem re-trabalhados, para assim chegarmos nas vias da linguagem mais propícia à necessidade de dar uma resposta que possa ajudar o humano a ajudar a si mesmo. Sendo assim, emerge como matriz conceitual a ecologia, linha de pensamento que ajuda a integrar os múltiplos cacos fragmentados pela história da modernidade. O sentido de todo precisa de uma ética ecológica para que as pessoas, inclusive, se sintam mais responsáveis pelo seu estar aí no mundo.
      O mais difícil é fazer valer esse pensamento, que ainda hoje perde espaço ao pensamento materialista e mecanicista. Vamos considerar, então, que ele só se consolidará pela autopoiese, ou seja, migrar a produção do conhecimento para a primeira pessoa, tirando da impessoalidade a compreensão do humano, da vida e do universo. No caminho da ciência em primeira pessoa, uma pedagogia de si em si.
       Aqueles que defenderam o conceito de biocibernética nos anos 60 e 70 do século passado possuem hoje um novo código, uma nova morada: a eco-lógica, algo que integra o humano ao vivo do planeta e ao vivo de si mesmo como aquele que pensa o ser que pensa.
       Eu, como autora, não abandono a biocibernética, mas a integro nos avanços do pensamento complexo do tempo presente que vivo. Se meus professores vivessem hoje também compreenderiam isso e imaginariam seu fazer como uma eco-lógica.

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