Minha razão

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Criei esse espaço para postar subjetivações subjetivantes do sujeito que sou!
Filosofia, psicologia, educação.

sexta-feira, 13 de março de 2020

O si mesmo com apoio de Jung

      Como coloquei a categoria "si mesmo" em minha tese de doutorado, venho aprofundando os estudos na mesma. Nesse processo de aprofundamento pude compreendê-la um pouco mais em Mead, que fala do eu, do mim e do self, e agora a estou captando também em Jung.
       O si mesmo em Jung tem o caráter da zona do perigo, pois extrapola os marcos da ciência moderna. Quando Jung propõe o si mesmo ele dialoga com a noção de Cristo e de Anticristo. Nesse sentido, só se faz possível o entendimento do si mesmo agregando as categorias de anima e animus. Se o si mesmo é essa possibilidade crística, transcendente de todas as formas identitárias, a anima e o animus dialogam com a natureza psíquica criada em polaridade. O si mesmo só é acessível quando nossa polaridade se harmoniza em unidade. Elas são por natureza antagônicas e excludentes e a sua harmonização é o trabalho constante no caminho do auto-conhecimento. E como a sombra está em todas as dimensões, o caminho de integração é desafio permanente, seja no arquétipo anima-animus, seja no arquétipo cristo-anticristo.
       Anima é o princípio criativo e expressivo e animus o princípio intelectivo ordenador. Animus não suporta anima, pois ela bagunça sua ordem. Anima receia o animus, pois ele impede sua expansão.
       Quando ambos conseguirem sintonizar em diálogo com o outro tornar-se-á mais acessível toda a informação disponível no "si mesmo", que entra nessa dinâmica como um outro nível qualitativo do arquétipo, mais arcaico e ancestral. 
      Acessar ao si mesmo seria a iluminação, mas, como somos seres materiais e falhos, o acesso completo ao si mesmo é impossível, pois ali mora a loucura. Jung fala: "A assimilação do eu pelo si mesmo deve ser considerada como uma catástrofe psíquica. A imagem da totalidade permanece imersa na inconsciência.", ou seja, importante estarmos atentos às divisões e harmonizações, mas sempre mantendo algo do caráter do si mesmo no oculto. Em outras palavras eu diria: a sombra sempre está no caminho, sempre vem junto. Retirar a sombra seria a morte do Eu.
       Quando pensei em uma "pedagogia em si mesmo" pretendi reificar a vivência no processo de aprendizagem. Com isso posso me apoiar em Jung, pois ele fala que compreender suas categorias e teorias nunca será possível, caso não as vivenciemos.
       Fiz transição entre pedagogia em si para pedagogia de si, pois me preocupa a prática de cada aprendiz na sua vida cotidiana e também de desenvolvimento psíquico. Sujeito e objeto não são categorias separadas e todo saber, como objeto, só existirá quando existir um sujeito. Daí o título da tese: por uma pedagogia com foco no sujeito. As disciplinas humanas serão melhor compreendidas caso sujeito e objeto integrem-se em unidade, tal como qualquer jogo energético que ocorre entre duas forças complementares. 
       

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