Minha razão

Olá!!
Criei esse espaço para postar subjetivações subjetivantes do sujeito que sou!
Filosofia, psicologia, educação.

sábado, 28 de março de 2020

Texto ao jovem psicoterapeuta

Esse texto foi redigido para meus alunos de supervisão de estágio na clínica. E é um texto que fala  da forma como trabalho com meus pacientes. Dentre as muitas formas de compreender a ação profissional em psicoterapia, segue a que mais atende minha visão de humano, de desenvolvimento e de saúde. Eu defendo que nosso trabalho começa por ...

Confiar na capacidade auto-reguladora do corpo e do Eu.

E segue por conduzir o paciente aos espaço que ele tem de resolução e que estão sem acesso por conta dos sintomas ou bloqueios.

Eu, como terapeuta, pouco faço. O paciente sabe. Eu só preciso manter sua atenção pelo caminho que ele próprio precisa caminhar. Eu o levo para o restaurante, mas ele escolhe o que irá comer. O paciente possui suas pautas e eu preciso aprender sobre elas.

Buscar ao máximo trazer para o aqui e agora, mais do que às dinâmicas do passado (analíticas) e introduzir a noção de futuro. A vida se vive do hoje para o amanhã e não temos vias de mudar o passado, só sua interpretação e sentido/significação. Assim, não fixar-se demais no problema e sim orientar-se à sua solução.

Existe um princípio que defende que a natureza sabe tratar a si mesma. O corpo sabe o caminho de sua cura, assim também é com a mente subjetiva.

O que eu tenho para trabalhar são os meus sentidos (vejo, escuto, cheiro, toco, provo e percebo). Portanto, uso esse aparato humano e  observo. Não analiso e não julgo. Somente constato pela observação e percepção. Junto a isso agrego o saber que tenho de mim mesma sobre minhas relações com as emoções, tais como o medo, a dor, a alegria, a raiva, o asco, a serenidade, o êxtase. 

Quem faz o trabalho é o paciente. Eu o amparo. Eu ajudo na construção de um "clima".

As pautas se modificam, são passíveis de mudança. E posso quebrar o mito do "ir ao trauma". O sintoma pode até mesmo se converter numa solução e posso ajudar a criar problemas de mais fácil resolução, que aos poucos ajudam na resolução de problemas mais difíceis. Eu preciso fortalecer onde a pessoa é forte, portanto, resistências podem ajudar quando bem trabalhadas.

E eu preciso falar com o paciente a partir de sua própria linguagem e não a partir de teorias ou técnicas. Preciso aprender a respeitar a organização do paciente e não querer ajustá-lo às organizações universais. Eu preciso ajudar que ele compreenda a partir de si mesmo e que se transforme a partir de si mesmo.

Ação, sentimento, pensamento caminham juntos.

Existem duas possibilidades na estratégia terapêutica: separar ou integrar. Separar ou vincular. Podemos usar as duas, conforme as circunstâncias de cada processo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário