Esse texto foi redigido para meus alunos de supervisão de estágio na clínica. E é um texto que fala da forma como trabalho com meus pacientes. Dentre as muitas formas de compreender a ação profissional em psicoterapia, segue a que mais atende minha visão de humano, de desenvolvimento e de saúde. Eu defendo que nosso trabalho começa por ...
Confiar na capacidade auto-reguladora do corpo e do Eu.
E segue por conduzir o paciente aos espaço que ele tem de resolução e que estão sem acesso por conta dos sintomas ou bloqueios.
Eu, como terapeuta, pouco faço. O paciente sabe. Eu só preciso manter sua atenção pelo caminho que ele próprio precisa caminhar. Eu o levo para o restaurante, mas ele escolhe o que irá comer. O paciente possui suas pautas e eu preciso aprender sobre elas.
Buscar ao máximo trazer para o aqui e agora, mais do que às dinâmicas do passado (analíticas) e introduzir a noção de futuro. A vida se vive do hoje para o amanhã e não temos vias de mudar o passado, só sua interpretação e sentido/significação. Assim, não fixar-se demais no problema e sim orientar-se à sua solução.
Existe um princípio que defende que a natureza sabe tratar a si mesma. O corpo sabe o caminho de sua cura, assim também é com a mente subjetiva.
O que eu tenho para trabalhar são os meus sentidos (vejo, escuto, cheiro, toco, provo e percebo). Portanto, uso esse aparato humano e observo. Não analiso e não julgo. Somente constato pela observação e percepção. Junto a isso agrego o saber que tenho de mim mesma sobre minhas relações com as emoções, tais como o medo, a dor, a alegria, a raiva, o asco, a serenidade, o êxtase.
Quem faz o trabalho é o paciente. Eu o amparo. Eu ajudo na construção de um "clima".
As pautas se modificam, são passíveis de mudança. E posso quebrar o mito do "ir ao trauma". O sintoma pode até mesmo se converter numa solução e posso ajudar a criar problemas de mais fácil resolução, que aos poucos ajudam na resolução de problemas mais difíceis. Eu preciso fortalecer onde a pessoa é forte, portanto, resistências podem ajudar quando bem trabalhadas.
E eu preciso falar com o paciente a partir de sua própria linguagem e não a partir de teorias ou técnicas. Preciso aprender a respeitar a organização do paciente e não querer ajustá-lo às organizações universais. Eu preciso ajudar que ele compreenda a partir de si mesmo e que se transforme a partir de si mesmo.
Ação, sentimento, pensamento caminham juntos.
Existem duas possibilidades na estratégia terapêutica: separar ou integrar. Separar ou vincular. Podemos usar as duas, conforme as circunstâncias de cada processo.
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