De suas 647 páginas, já percorri 526.
E me deparo com uma construção do feminino muito linda. Tão linda que resolvi registrar.
A mulher desse tempo e desse espaço, é dona de si e do seu corpo. Os homens, misteriosamente, as respeitam. E a aproximação do amor é furtiva, de forma implícita, com muito respeito de ambas as partes.
Nesse tempo o sexo é uma coisa natural, espontânea e absurdamente inocente. Até agora, nesse percurso todo da história, não houve nenhum tipo de construção da relação sexo com violência, sexo com prazer extremo e a qualquer custo, sexo banalizado ou sexo amaldiçoado.
E as mulheres, bem, as mulheres estão simbolizadas em Denna, e ela é o complemento do herói.
Pensei hoje em Denna e compreendi que a mulher tem liberdade para decidir tudo o que deseja de seu próprio corpo. Se quer se entregar para muitos ou para um só. Se engravidar saberá o que fazer no momento certo, ou abortar ou deixar vingar. E, com certeza, se decidir abortar, ela deve dominar simpatias e receitas, que provoquem manejos e reações fisiológicas, para seguir numa biológica. Algo simples, sem melindres. A mulher é dona de si e do seu corpo.
Enfim, parece que não existe na história um Deus que puna o mundo por causa de sexo. Deus está mesmo preocupado com coisas mais importantes a resolver em sua criação na crônica da vida de Kvothe. E Ele parece ser uma nítida construção da mistura entre o real e o imaginário. Contos que se contam de um tempo que não sabemos o percentual de real ou irreal nesse assunto.
Kvothe tem falado nos meus sonhos. Sua voz ecoa em narrativa quando começo a entrar no espaço hipnagógico do sono aproximado. Na porta que separa o cs do ics, escuto que uma história está sendo contada. E ao amanhecer vem uma compreensão do feminino extraordinária. Aquilo que sonho e acredito ser a relação entre os gêneros, entre aqueles que biologicamente se complementam para gerar a vida.
O conto entra em minha mente e de lá saem produções provocantes. Deixo uma aqui.
O papo dos gêneros e do feminino rende em nosso tempo. Rende muito ...
Falando ainda de:
ROTHFUSS, Patrick. O nome do vento. São Paulo: Arqueiro, 2009.
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